Eduardo Bolsonaro (PL-SP)

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou, pela primeira vez de forma explícita, que pode ser candidato à Presidência da República em 2026, desde que a decisão venha de seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente inelegível até 2030 por decisão da Justiça Eleitoral.

A declaração foi feita em entrevista à revista Veja e marca a entrada formal de Eduardo no debate sucessório da direita brasileira, que segue sem definição clara de liderança após a condenação do ex-presidente por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação durante as eleições de 2022.

“Obviamente, se for uma missão dada pelo meu pai, vou cumprir. Inclusive meu nome já figurou em algumas pesquisas, né? Fiquei feliz. Mas eu acho que, numa democracia normal, quem deveria ser o candidato é o Jair Bolsonaro.”

Bolsonaro inelegível, mas ainda no centro da disputa

Mesmo inelegível, o ex-presidente segue como principal referência do campo bolsonarista. Em declarações recentes, Jair Bolsonaro não descartou totalmente a possibilidade de disputar as eleições, embora reconheça as barreiras jurídicas. Sobre os nomes de Michelle Bolsonaro e Eduardo, declarou: “A Michelle não pediu para entrar nas pesquisas, botaram o nome dela e ela tem aparecido na frente do Lula. […] O outro é o Eduardo, que está nos Estados Unidos, que aparece em pesquisas por aí também, perdendo para o Lula, mas aparece.”

Sucessão e estratégias da direita

Eduardo Bolsonaro, que reside nos Estados Unidos e enfrenta investigações sobre sua articulação com aliados de Donald Trump em episódios de tensão institucional, tenta se reposicionar como figura política nacional, com forte apelo entre apoiadores mais ideológicos da direita. Em suas falas, destaca a necessidade de “resgatar o espírito de 2018” e evitar os erros de 2022, em referência à campanha presidencial de seu pai.

Ao comentar os outros possíveis nomes da direita para 2026, Eduardo adotou um tom diplomático. Sobre Tarcísio de Freitas, atual governador de São Paulo, afirmou: “É um excelente gestor. Mas ele tem dito que o objetivo dele é a reeleição”. Já sobre Michelle Bolsonaro, disse que sua capacidade de comunicação com o público evangélico e feminino é um diferencial. “A rejeição à Michelle é muito baixa. O discurso dela é muito próximo das mulheres e dos evangélicos.”

Apesar da incerteza sobre quem será o candidato da direita, a entrevista de Eduardo Bolsonaro indica uma tentativa do grupo de manter a liderança do ex-presidente viva no debate político e abrir espaço para um eventual herdeiro político direto, caso Jair Bolsonaro permaneça impedido de disputar.