
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou nesta sexta-feira (30) o programa Agora Tem Especialistas, uma nova estratégia nacional para acelerar o acesso da população a médicos especialistas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A medida provisória foi assinada em cerimônia no Palácio do Planalto e promete transformar a estrutura de atendimento especializado em todo o Brasil.
Entre as prioridades do programa está a redução no tempo de espera para consultas, exames e cirurgias, com foco especial no tratamento de câncer. A proposta prevê um investimento anual superior a R$ 9 bilhões, somando recursos destinados a diferentes eixos da iniciativa.
“Este programa é um sonho da minha vida. A doença não espera. A gente precisa garantir que todos tenham acesso a especialistas no tempo certo”, afirmou o presidente Lula.
Dez ações estratégicas
O Agora Tem Especialistas reúne dez frentes de atuação integradas, incluindo:
- Credenciamento de clínicas privadas e filantrópicas para ampliar a capacidade de atendimento;
- Ampliação de horários nas unidades públicas, com mutirões e atendimento noturno;
- Troca de dívidas de hospitais privados por serviços prestados ao SUS, funcionando como compensação financeira;
- Expansão do atendimento digital, com telessaúde e uso do aplicativo Meu SUS Digital;
- Investimento em mobilidade com carretas equipadas e veículos para transporte de pacientes;
- Formação de novos profissionais especialistas, com apoio à residência médica e ao Mais Médicos Especialistas.
Combate ao câncer como prioridade
A oncologia é uma das seis áreas prioritárias do programa, ao lado de ginecologia, cardiologia, ortopedia, oftalmologia e otorrinolaringologia. A medida prevê a aquisição de 121 aceleradores lineares até 2026 e a criação do Super Centro Brasil para Diagnóstico de Câncer, em parceria com o Instituto Nacional de Câncer (Inca) e o A.C. Camargo Cancer Center.
Os exames oncológicos serão integrados por teleatendimento, com capacidade inicial para 1.000 laudos por dia e investimento de R$ 2,2 bilhões ao ano.
Telessaúde e interiorização
O programa amplia também o uso da telessaúde, com expectativa de reduzir em até 30% as filas por diagnóstico. Estão previstos 7 mil kits de telessaúde via PAC, além de editais públicos e privados para teleconsultas especializadas.
Outros 150 caminhões adaptados atuarão como clínicas móveis com estrutura para consultas, exames e pequenas cirurgias, inclusive em áreas remotas e indígenas. Para garantir a logística, serão adquiridos 6.300 veículos para transporte de pacientes, com prioridade ao público oncológico.
Déficit de especialistas
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou a desigualdade na distribuição de especialistas no Brasil. Hoje, apenas 10% desses profissionais atendem exclusivamente pelo SUS, com concentração no Sudeste e no setor privado. O Agora Tem Especialistas pretende formar e contratar 3.500 novos médicos especialistas, sendo 500 já previstos em edital específico do Mais Médicos.

Para viabilizar a formação, R$ 260 milhões serão investidos em bolsas de residência médica, com apoio da Associação Médica Brasileira.
Com a criação do novo programa, o governo espera acelerar diagnósticos, reduzir mortes evitáveis e oferecer atendimento mais justo e eficaz à população brasileira. A medida agora segue para tramitação no Congresso Nacional.