
As autoridades sanitárias do Ceará investigam novos casos suspeitos de gripe aviária em diferentes regiões do estado. Uma das notificações mais recentes envolve diversas aves de criação da comunidade de Bom Fim, na zona rural de Quixadá, no Sertão Central. Outro caso investigado é o de uma ave migratória debilitada encontrada na praia de Icapuí, no litoral leste cearense.
A Agência de Defesa Agropecuária do Ceará (Adagri) confirmou que amostras biológicas foram coletadas nos dois locais e já foram enviadas para o Laboratório Federal de Defesa Agropecuária, vinculado ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), para exames conclusivos.
Sinais preocupantes nas aves
Em Quixadá, os animais apresentavam sintomas respiratórios, como secreção nasal e dificuldades para respirar, além de relatos de mortalidade repentina. Técnicos da Adagri realizaram necropsias no local, coletaram amostras e monitoraram a área.
Já em Icapuí, segundo a Associação Aquasis, a ave migratória que motivou o alerta foi encontrada com baixa capacidade de locomoção e longos períodos de imobilidade — sintomas compatíveis com infecção por influenza aviária.
Monitoramento intensificado
O diretor de Sanidade Animal da Adagri, Amorim Sobreira, afirmou que a agência mantém ações contínuas de vigilância em todo o estado, especialmente nos meses de maio e junho, período de migração das aves silvestres. “Visitamos regularmente 134 granjas, comerciais e de subsistência, mesmo sem sinais da doença, para coleta de amostras preventivas”, destacou.
As ações fazem parte de uma estratégia de busca ativa, com foco em prevenir a entrada e propagação da gripe aviária no Ceará, que representa risco tanto à saúde animal quanto à economia avícola do estado.
Equilíbrio ecológico e prevenção
Para o coordenador da Aquasis, Onofre Monteiro, as aves migratórias não devem ser tratadas como vilãs. Segundo ele, esses animais desempenham papel fundamental na compreensão da dinâmica ecológica do vírus e ajudam a detectar alterações ambientais. “O foco deve ser a ciência e o manejo sanitário, não a culpabilização da fauna silvestre”, disse.
Monteiro defende que sejam fortalecidas estratégias de conservação e vigilância, especialmente em ambientes de risco, como mercados de animais e granjas com pouca biossegurança.
Medidas preventivas para criadores
A Adagri e o Ministério da Agricultura reforçam orientações aos pequenos criadores e produtores:
- Adquirir aves apenas de locais registrados e autorizados;
- Evitar compras em feiras livres;
- Adotar práticas rigorosas de biosseguridade;
- Observar sintomas como falta de coordenação motora, respiração ofegante, pescoço torto ou diarreia;
- Notificar imediatamente as autoridades sanitárias em caso de mortalidade anormal ou suspeita clínica.
Até o momento, os casos seguem em análise laboratorial, e o estado não confirmou nenhum foco ativo de influenza aviária. O Diário de Quixadá continuará acompanhando as atualizações junto aos órgãos competentes.