A Proposta de Emenda à Constituição que acaba com a reeleição para presidente da República, governadores e prefeitos começou a avançar no Senado. A matéria foi lida nesta quarta-feira (23) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), mas a votação foi adiada para o dia 7 de maio após pedido de vista coletivo.

A PEC prevê o fim da reeleição a partir do pleito de 2034, como parte de uma regra de transição. Além disso, a proposta amplia os mandatos do Executivo e do Legislativo: de 4 para 5 anos. A mudança vale para presidentes, governadores, prefeitos, deputados federais, estaduais e distritais, além de vereadores. No caso dos senadores, os mandatos passariam de 8 para 10 anos. Veja a linha do tempo da proposta:

Linha do tempo — Proposta de Emenda Constitucional sobre fim da reeleição

2024

PEC é lida na Comissão de Constituição e Justiça do Senado. Votação inicial é adiada para o dia 7 de maio.

2026

Senadores discutem a possibilidade de aplicar o fim da reeleição já para os candidatos eleitos nesse ano, mas ainda sem consenso.

2028

Prefeitos e vereadores eleitos terão mandato de 6 anos, sem direito à reeleição. Eleições municipais deixarão de ocorrer em 2032 para alinhar o calendário.

2030

Últimas eleições gerais com possibilidade de reeleição para presidente e governadores, caso não haja antecipação da regra de transição.

2034

Regra do fim da reeleição passa a valer plenamente. Mandatos passam a ter duração de 5 anos. Eleições unificadas passam a ocorrer a cada 5 anos para todos os cargos.

Um dos pontos centrais da proposta é a unificação das eleições, acabando com o modelo atual de votações a cada dois anos. Pelo novo sistema, os brasileiros iriam às urnas a cada 5 anos para eleger todos os cargos políticos.

Prefeitos e vereadores eleitos em 2028 teriam mandato de 6 anos, sem possibilidade de reeleição. O senador Marcelo Castro (MDB-PI), relator da proposta, defende que a reeleição prejudica o planejamento de longo prazo no poder público.

“A reeleição resultou num viés pernicioso, de estímulo aos chefes do Executivo pela opção de agendas imediatistas, em prejuízo de projetos estruturantes, de longa maturação”, argumentou o relator.

A possibilidade de reeleição no Brasil foi introduzida em 1997, durante o primeiro mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), permitindo sua reeleição em 1998. Desde então, todos os presidentes eleitos tentaram a recondução ao cargo.

O senador Omar Aziz (PSD-AM) defendeu que a mudança deve valer já para 2026, para evitar que o tema seja novamente alterado por futuras legislaturas. Segundo ele, a reeleição tem efeitos negativos sobre a gestão pública.

“A reeleição foi a pior coisa que a gente poderia ter feito para o Brasil. O governante faz loucuras para tentar se manter no cargo. E, se perde, entrega o governo estraçalhado para o sucessor”, afirmou.

Apesar do apoio geral ao fim da reeleição, a regra de transição ainda divide opiniões. Marcelo Castro admitiu que poderá haver acordo para antecipar a aplicação da nova regra para 2028, desde que não haja violação de direitos adquiridos.

A PEC também recebeu emendas que propunham reduzir o número de senadores por estado, de três para dois, e diminuir os mandatos para cinco anos, mas essas alterações foram rejeitadas pelo relator. “O debate a respeito da redução dos mandatos dos senadores ainda é insuficiente para um consenso”, concluiu Castro.

Argumentos a favor da reeleição

  • Permite a continuidade de políticas públicas bem-sucedidas.
  • Reforça a soberania popular ao dar ao eleitor o direito de reconduzir quem aprova.
  • Reduz o impacto de alternâncias abruptas de governo.
  • Serve como incentivo para que bons gestores busquem resultados.

Argumentos contra a reeleição

  • Estimula o uso da máquina pública para fins eleitorais.
  • Favorece campanhas baseadas em medidas populistas de curto prazo.
  • Desvia o foco do governante para interesses eleitorais durante o mandato.
  • Desequilibra a competição com novos candidatos.