O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira (22) que o Brasil não pretende escolher lados na disputa comercial entre Estados Unidos e China, principais parceiros comerciais do país. A declaração foi feita após reunião com o presidente do Chile, Gabriel Boric, em Brasília.
Durante o encontro, Lula criticou a postura protecionista do governo norte-americano e o clima de acirramento comercial liderado pelo ex-presidente Donald Trump, que vem tentando pressionar outros países a se posicionarem contra a China. Segundo o presidente brasileiro, o objetivo é manter relações com ambos os países, respeitando os interesses comerciais dos setores produtivos nacionais.
“Eu quero ter relações com os Estados Unidos e quero ter relações com a China. Eu não quero ter preferência por um ou outro. Quem tem que ter preferência são os meus empresários, que querem negociar com os seus empresários. Mas eu, não. Eu quero negociar com todo mundo.”
O presidente também declarou que nem ele nem Boric desejam uma nova guerra fria entre os gigantes econômicos e criticou o retrocesso no discurso global sobre livre comércio: “Esse protecionismo é contrário a tudo o que foi falado para nós desde os anos 1980”, disse.
As declarações ocorrem em um momento de pressão mútua entre os dois países sobre seus parceiros comerciais. O governo dos Estados Unidos reforçou, na última quinta-feira (17), que buscará incluir cláusulas restritivas em acordos bilaterais com países que optarem por manter fluxos comerciais relevantes com a China. O objetivo é limitar a entrada de produtos chineses por meio de parceiros estratégicos.
Em resposta, o Ministério do Comércio da China afirmou nesta segunda-feira (22) que se opõe a acordos firmados “às custas dos interesses chineses” e que poderá adotar contramedidas contra países que assim procederem. O cenário reforça a tensão no comércio global e coloca pressão adicional sobre economias emergentes como o Brasil.