A proposta de anistiar os envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro perdeu fôlego no Congresso Nacional, segundo informou a CNN Brasil. Após as manifestações organizadas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Rio de Janeiro e em São Paulo reunirem um público abaixo do esperado, líderes do Centrão avaliam que o Projeto de Lei da Anistia não tem apoio popular suficiente para prosperar na Câmara dos Deputados. Para este domingo (06), esperava-se um público de, pelo menos, 500 mil pessoas. Ficou abaixo de 60 mil.

A avaliação também foi reforçada por pesquisas de opinião recentes. Segundo levantamento do Instituto Quaest, 56% da população brasileira é contra a soltura dos envolvidos nas depredações e invasões ocorridas em Brasília. A rejeição à proposta, somada à fraca adesão aos atos convocados por Bolsonaro, acendeu o alerta entre os parlamentares mais pragmáticos.

De acordo com a CNN Brasil, deputados ligados ao Centrão concluíram que a defesa da anistia continua restrita a um nicho mais radical da base bolsonarista, sem respaldo majoritário na sociedade. Com isso, cresce a tendência de que o texto seja remetido a uma comissão especial — um trâmite mais lento, que pode arrastar as discussões por vários meses antes que a proposta chegue ao plenário.

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), já sinalizou que não pretende acelerar a tramitação. A cúpula da Casa também está focada na agenda econômica, que deve dominar os debates legislativos ao longo de 2025.

Entre os pontos considerados prioritários estão as medidas de estímulo ao crescimento, ajustes fiscais e propostas voltadas ao controle da inflação e geração de empregos — temas que ganham ainda mais urgência diante das incertezas geradas por uma nova crise internacional. O governo brasileiro acompanha com preocupação os desdobramentos da guerra comercial iniciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que pode afetar diretamente a economia global.

Enquanto isso, aliados de Bolsonaro na Câmara admitem que, sem apoio popular expressivo e com resistência dentro do próprio Centrão, o PL da Anistia corre sério risco de ser engavetado. Para um deputado que integra a base do ex-presidente, o momento é de “baixar o tom e reorganizar a estratégia”.

(Foto: Miguel SCHINCARIOL/AFP)