O Ceará fechou o ano de 2024 com uma taxa de desemprego de 7%, o menor índice registrado no estado na última década. O percentual supera a marca histórica anterior, de 7,1% em 2014, e posiciona o estado de forma favorável no cenário regional, ficando dois pontos percentuais abaixo da média do Nordeste.
Os dados fazem parte do Enfoque Econômico (Nº 292) – Análise Histórica e Comportamento do Mercado de Trabalho Cearense para o ano de 2024, estudo publicado pela Diretoria de Estudos Econômicos (Diec) do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece).
Recuperação econômica e desafios
De acordo com Daniel Suliano, analista de políticas públicas do Ipece, a queda no desemprego reflete a recuperação econômica pós-pandemia. No entanto, ele alerta que, apesar dos números positivos, a taxa de participação da força de trabalho no Ceará permanece em torno de 52% nos últimos quatro anos, abaixo dos níveis registrados antes da crise sanitária.
No período pré-crise econômica de 2015-2016, a participação média da força de trabalho no estado variava entre 55% e 56%. Com a pandemia, houve uma retração expressiva, atingindo um dos índices mais baixos em 2020 (51,1%). “A crise sanitária global impactou significativamente a taxa de participação, mas observamos uma recuperação gradual entre 2022 e 2024”, explica Suliano. Ele destaca ainda que a diferença entre a taxa de participação do Ceará e a nacional aumentou ao longo dos anos, passando de 7,3 pontos percentuais em 2012 para 10,4 em 2024.
Fatores que influenciam o mercado de trabalho
Segundo o Ipece, alguns fatores podem impactar essa realidade. Entre eles, o aumento de benefícios assistenciais, que pode elevar o poder de compra das famílias e reduzir a necessidade de busca por emprego. Além disso, a dedicação a estudos e treinamentos profissionais pode afastar temporariamente parte da população economicamente ativa do mercado de trabalho.
Apesar desses desafios, o cenário segue positivo. “Estamos vendo um reaquecimento do mercado, mas é essencial que políticas públicas incentivem a qualificação profissional e o aumento da participação na força de trabalho”, avalia Suliano.
Interiorização e novos investimentos
O presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), Wandemberg Almeida, destaca que o estado tem um mercado cada vez mais diversificado, impulsionado não apenas pela capital, mas também pelo interior. “Os dados refletem o crescimento das indústrias no interior e mostram um processo de interiorização do desenvolvimento econômico. Além disso, o Ceará tem atraído novos investimentos, o que pode levar a uma queda ainda maior na taxa de desemprego”, analisa.
Ele cita como exemplo o setor automobilístico, que cresce impulsionado por incentivos fiscais, além da ampliação de investimentos em energias renováveis. “Com a redução do desemprego, há um aumento na formalização do trabalho e na geração de renda. Esse movimento atrai novos investidores, amplia a receita do estado e melhora a qualidade de vida da população. Contudo, é fundamental investir na qualificação da mão de obra para atender às demandas de setores estratégicos, como o de energias renováveis”, finaliza Almeida.