O vereador Jair Renan Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmou nesta nesta seana que o período da ditadura militar no Brasil (1964–1985) foi a “melhor época do país” para a maioria das pessoas mais velhas. A declaração foi feita durante sessão na Câmara Municipal de Balneário Camboriú (SC), durante a discussão sobre a criação do Dia Municipal da Democracia.

A proposta, apresentada pelo vereador Eduardo Zanatta (PT), previa a criação da data em 3 de março, em homenagem ao ex-prefeito da cidade Higino João Pio, assassinado durante o regime militar. Jair Renan se posicionou contra a escolha da data e criticou o conteúdo da proposta.

“É a primeira vez que vejo uma homenagem no dia da morte de uma pessoa. Geralmente, é no dia do aniversário, ou no dia em que ela fez algo importante”, declarou o parlamentar. Segundo a coluna da jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, Jair Renan também questionou o entendimento histórico sobre o golpe militar de 1964. “Que golpe foi esse em 64? O povo saiu às ruas pedindo que os militares assumissem o poder com medo do comunismo entrar no Brasil”, afirmou.

O vereador também associou a proposta à ideologia partidária. “Tudo que vem do PT é de cunho ideológico”, afirmou, acrescentando que muitos parlamentares mais velhos da casa teriam visão semelhante à sua. “A maioria dos mais velhos, se você perguntar, [diz que a ditadura] foi a melhor época do Brasil”, declarou.

As Consequências da Ditadura Militar no Brasil (1964-1985)

AS CONSEQUÊNCIAS DA DITADURA MILITAR NO BRASIL

1964 — 1985

Um período que deixou marcas profundas na história política, social e institucional do país

Contexto Histórico

Sob o argumento de conter a ameaça comunista, os governos militares implantaram:

  • Uma estrutura autoritária que perseguiu opositores
  • Censura à imprensa e às manifestações culturais
  • Supressão de direitos civis e políticos
  • Graves violações de direitos humanos

“Um período de 21 anos que alterou profundamente o curso da democracia brasileira”

Mortes e Desaparecimentos

Dados Oficiais

434

Mortes e desaparecimentos documentados pela Comissão Nacional da Verdade (1946-1988)

Estimativas Reais

+10.000

Estimativa da procuradora Eugênia Gonzaga, incluindo camponeses e indígenas

Camponeses

1.654

Camponeses mortos ou desaparecidos entre 1964 e 1988, segundo pesquisa de Gilney Viana

Tortura Institucionalizada

20.000

Pessoas submetidas à tortura durante o regime militar

A prática foi reconhecida como uma política de Estado, sistematicamente organizada por órgãos do próprio governo.

Métodos de Tortura

  • • Choques elétricos
  • • Afogamento simulado
  • • Espancamentos
  • • Violência psicológica

Agentes Identificados

377

Agentes públicos envolvidos diretamente com violações de direitos humanos

Nenhum foi criminalmente responsabilizado devido à Lei da Anistia de 1979

Prisões, Censura e Repressão Política

+50.000

Pessoas presas por motivos políticos nos primeiros anos após o golpe

Quem foi perseguido

Estudantes
Jornalistas
Artistas
Sindicalistas
Parlamentares
Líderes religiosos

Censura Cultural

  • • Jornais e revistas
  • • Livros e publicações
  • • Músicas e discos
  • • Filmes e peças de teatro
  • • Programas de televisão

Muitas prisões ocorreram sem mandado judicial, sem direito à defesa e em ambientes onde a tortura era prática recorrente.

Impactos Duradouros

Educação e Pensamento

  • • Intervenções em universidades
  • • Fechamento de instituições estudantis (UNE)
  • • Cerceamento do livre pensamento
  • • Perseguição a professores e intelectuais

Legado Institucional

  • • Retardo nos debates sobre democracia
  • • Fragilização dos direitos civis
  • • Limitação da participação popular
  • • Apagamento da memória histórica

1985

Fim da ditadura

1979

Lei da Anistia

2012

Comissão da Verdade

Hoje

Justiça pendente

Mesmo após o fim do regime, o país levou décadas para reconhecer oficialmente os crimes cometidos. Muitas vítimas seguem sem reparação e os responsáveis não foram punidos.

Fontes Consultadas

  • Comissão Nacional da Verdade – Relatório Final
  • Brasil de Fato – Estudo sobre camponeses
  • Agência Pública – Estimativa da procuradora
  • Wikipédia – Ditadura Militar Brasileira
  • Wikipédia – Comissão Nacional da Verdade

Para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça.

Repercussão e contexto

As declarações de Jair Renan provocaram reações nas redes sociais e entre movimentos em defesa da democracia. A ditadura militar no Brasil durou 21 anos e foi marcada por censura à imprensa, cassações políticas, perseguições, tortura e mortes de opositores, conforme reconhecido pela Comissão Nacional da Verdade, encerrada em 2014.

A data de 3 de março como homenagem ao ex-prefeito Higino João Pio busca reconhecer figuras políticas locais que sofreram com a repressão durante o regime. O projeto de lei ainda precisa passar por outras votações na Câmara.

Jair Renan Bolsonaro, conhecido como “filho 04” do ex-presidente, cumpre seu primeiro mandato como vereador em Balneário Camboriú, município do litoral norte catarinense. Ele foi eleito em 2022 com base no capital político do bolsonarismo, sendo um dos nomes mais jovens da atual legislatura.