Por séculos, o jumento foi mais que um simples animal de carga no sertão nordestino — foi amigo de lavradores, ajudante incansável, companheiro silencioso nas lidas do campo e na vida das comunidades mais isoladas. Mas agora, ele corre o risco de desaparecer.

Nos últimos 30 anos, o Brasil perdeu nada menos que 94% da sua população de jumentos. Os dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) mostram uma queda alarmante para um animal que, um dia, foi essencial no transporte de água, mantimentos e até pessoas, principalmente no interior nordestino.

Com o avanço das motos, dos tratores e dos carros, os jumentos foram sendo deixados de lado. Aos poucos, perderam espaço nas pequenas cidades e nas roças. Em muitas regiões, as novas gerações já não os conhecem como os pais e avós conheceram. Para agravar, há ainda registros frequentes de maus-tratos e abandono, tornando a situação mais preocupante.

Mesmo assim, em muitas comunidades do sertão, eles seguem firmes: transportando lenha, carregando água nas cisternas e ajudando no sustento de muitas famílias que vivem em locais de difícil acesso.

Pesquisadores e defensores dos direitos dos animais alertam: é hora de valorizar e preservar esse patrimônio cultural e genético do Brasil. Mais do que um animal, o jumento carrega a história e a resistência de um povo inteiro. E seu desaparecimento seria uma perda não só para o sertão, mas para todo o país.