Durante entrevista concedida nesta sexta-feira, 16, ao canal do YouTube AuriVerde Brasil, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a minimizar as acusações que enfrenta no inquérito que apura uma tentativa de golpe de Estado em 2022. Aos 70 anos, o ex-mandatário afirmou que não pretende deixar o Brasil, mesmo diante da possibilidade de prisão.

“Eu com 40 anos de cadeia no lombo, não tenho recurso para lugar nenhum, eu vou morrer na cadeia”, disse.

Bolsonaro ironizou as investigações conduzidas pela Procuradoria-Geral da República (PGR), chamando o caso de “golpe da Disney”. “Qual crime? Crime impossível, golpe da Disney. Junto com o Pateta, com a Minnie e com o Pato Donald, que eu estava lá em Orlando, programou esse golpe aí”, declarou, referindo-se ao período em que esteve nos Estados Unidos durante os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

Investigado por tentativa de golpe

Bolsonaro é réu no Supremo Tribunal Federal (STF), acusado de ter liderado ou participado de um plano para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A denúncia da PGR inclui os crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, deterioração de patrimônio tombado e liderança de organização criminosa armada. Em caso de condenação, a pena pode ultrapassar 40 anos de prisão.

Apesar de ter deixado o Brasil antes da invasão às sedes dos Três Poderes, a ausência física no dia 8 de janeiro não é vista pelo STF como suficiente para isentá-lo de responsabilidade. Durante o julgamento que aceitou a denúncia da PGR, os ministros Cristiano Zanin e Flávio Dino destacaram que o envolvimento de Bolsonaro pode ter ocorrido de outras formas.

Discurso de perseguição política

Na mesma entrevista, Bolsonaro voltou a adotar o discurso de perseguição, afirmando ser alvo de um “sistema” que busca criminalizar a direita.

“Está previsto 40 anos de cadeia. Me prendam. Estou com 70 já, quase morri em uma cirurgia. Vou morrer, não vai demorar”, afirmou.

O ex-presidente também citou casos recentes envolvendo aliados políticos, como a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), condenada por invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça, e o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), investigado no mesmo inquérito da tentativa de golpe. Bolsonaro disse que esses casos refletem um suposto “ativismo judicial” com o objetivo de inviabilizar candidaturas conservadoras nas eleições de 2026.

A entrevista foi publicada na mesma semana em que o ex-presidente participou de atos com apoiadores e manteve uma agenda pública voltada para a mobilização política. Ele segue inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral, mas busca manter influência na disputa presidencial do próximo pleito.

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