Uma série de ataques a provedores de internet no Ceará, promovidos por facções criminosas, tem deixado milhares de moradores e empresas sem conexão. O fenômeno, apelidado de “cibercangaço”, foi destacado em uma reportagem do jornal O Globo deste domingo (23) e tem repercutido nacionalmente.
Segundo a matéria, criminosos ligados ao Comando Vermelho (CV) vêm destruindo equipamentos e cabos de provedores que não aceitam pagar extorsões, impactando desde usuários domésticos até grandes empresas, como as que operam no Porto do Pecém.
🔴 Extorsões e destruição de infraestrutura
A facção criminosa quebra caixas de transmissão instaladas em postes, danifica a infraestrutura de cabos, ameaça funcionários, queima veículos e até depreda lojas. A cobrança de taxas ilegais para permitir a operação das empresas em determinadas regiões faz parte da estratégia do crime organizado para controlar a conectividade no estado.
De acordo com a Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint), os prejuízos já somam centenas de milhares de reais.
“Em alguns bairros cujas redes foram afetadas, provedores registram perdas de até R$ 200 mil, o equivalente ao total investido naquela área nos últimos anos. Algumas empresas já reduziram 80% do quadro de funcionários”, informou a Abrint.
🔴 Cidades inteiras sem internet
No município de Caridade, que tem aproximadamente 16 mil habitantes, cerca de 90% da população ficou sem internet após ataques aos provedores locais.
A situação tem se agravado rapidamente, especialmente na Região Metropolitana de Fortaleza, onde provedores já desistiram de operar em áreas dominadas por criminosos.
“O avanço do crime organizado sobre o setor de telecomunicações tem sido assustador. Já são dezenas de empresas que perderam suas redes”, declarou o presidente de um provedor com 1,5 milhão de clientes no Nordeste.
🔴 Modus operandi das facções
As ameaças e extorsões acontecem de diferentes formas, segundo o delegado Alisson Gomes, titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco).
“O achaque vem por telefone ou em abordagem a técnicos em campo. Se a empresa se recusa a pagar, tem a estrutura danificada. As quadrilhas tentam ainda se aliar a provedores e operar em conjunto, dividindo os lucros”, explicou.
O delegado afirmou que o Governo do Ceará tem intensificado o patrulhamento preventivo e apreendido equipamentos e lucros ilícitos das facções, mas a expansão dos ataques ainda preocupa o setor de telecomunicações e a população.