O caso do ovo de Páscoa envenenado que resultou na morte de duas crianças em Imperatriz, no Maranhão, ganhou novo capítulo com o depoimento do mototaxista responsável por fazer a entrega do doce. Em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, o profissional revelou detalhes sobre as instruções que recebeu de Jordélia Pereira Barbosa, principal suspeita do crime.
Segundo o mototaxista, que não teve a identidade revelada, Jordélia forneceu o endereço completo, nome da destinatária e orientações precisas: “Deu o endereço certinho, o número da casa, a referência, o nome da rua, tudo certinho. O nome da pessoa. E ela ainda falou assim: ‘Quando você chegar lá, pode perguntar pela Mirian’”.
Dias depois, ao tomar conhecimento de que duas crianças haviam sido envenenadas após comer chocolate, o mototaxista ligou os fatos e procurou a Polícia: “Uns amigos meus começaram a falar que tinha uma criança vítima do envenenamento de chocolate. Ao perceber que eu tinha feito uma entrega no Bairro Mutirão, logo eu já procurei a Polícia para esclarecer e falar o que tinha acontecido.”
Fuga, prisão e material apreendido com a suspeita
Após os primeiros avanços na investigação, a polícia foi até o hotel onde Jordélia estava hospedada, mas ela já havia fugido. Agentes passaram a monitorar o trajeto de um ônibus, e Jordélia foi localizada e presa na quinta-feira (2), próximo à cidade de Santa Inês, onde reside.
Com ela, foram encontradas perucas, chocolate granulado e uma substância altamente tóxica, usada em raticidas e agrotóxicos. A polícia acredita que o granulado foi utilizado para mascarar o sabor do veneno nos ovos.
Em depoimento, Jordélia confessou que comprou e enviou os ovos de Páscoa a Mirian, mas negou ter inserido qualquer tipo de veneno, alegando que apenas queria desejar Feliz Páscoa.
Premeditação e dolo direto, segundo a polícia e o Ministério Público
A delegada responsável pelo caso afirmou que há fortes indícios de premeditação:
“É possível notar essa premeditação do crime, em especial dos recheios que foram apreendidos com ela guardados, os quais ela mesma confessa no interrogatório que preparou na cidade de Santo Inês e os levou prontos para a cidade de Imperatriz.”
A perícia encontrou na bagagem da suspeita uma substância química letal, reforçando a tese de que o crime foi planejado.
Para o Ministério Público, Jordélia agiu com dolo direto — ou seja, com intenção clara de matar — e por motivo torpe, caracterizando vingança pessoal contra a destinatária do presente, Mirian. Se condenada, ela poderá responder por homicídio qualificado, com penas que podem variar entre 12 e 30 anos de prisão para cada um dos crimes.
Defesa nega autoria do envenenamento
A defesa de Jordélia Pereira Barbosa afirma que os fatos serão esclarecidos durante o processo judicial e nega que ela tenha praticado o crime de envenenamento que lhe é imputado.