O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou, nesta terça-feira (21), uma das mais amplas e significativas medidas sociais de seu terceiro mandato: a criação da Nova Tarifa Social de Energia Elétrica. A iniciativa, formalizada por meio de uma Medida Provisória (MP), vai beneficiar mais de 60 milhões de brasileiros com gratuidade total ou descontos expressivos na conta de luz.
A proposta estabelece que famílias de baixa renda inscritas no CadÚnico, com renda de até meio salário mínimo por pessoa e consumo mensal de até 80 kWh, passarão a ter isenção total da tarifa de energia elétrica. Com isso, estima-se que cerca de 16 milhões de pessoas terão a conta de luz zerada.
Outros 44 milhões de brasileiros serão beneficiados com descontos significativos, incluindo a criação de um novo Desconto Social de Energia para quem tem renda per capita entre meio e um salário mínimo e consome até 120 kWh por mês. Nesse caso, haverá isenção da cobrança da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), o que resultará em redução média de 11,8% na conta de luz para cerca de 21 milhões de famílias.
“Queremos fazer com que a energia elétrica chegue mais acessível, mais barata para as pessoas que moram nas residências e também para os pequenos negócios”, declarou Lula.
Enviei hoje ao Congresso uma Medida Provisória com uma proposta extremamente importante: fazer com que a energia elétrica chegue mais barata para as pessoas. É essa a discussão que vamos ter junto ao Congresso, para ampliar o número de brasileiras e brasileiros que vão ter… pic.twitter.com/3RYzC4bVYz
— Lula (@LulaOficial) May 21, 2025
Fim da conta complicada e início da conta justa
A MP reformula as regras anteriores da tarifa social, que envolviam cálculos complexos com percentuais diferentes por faixa de consumo. Com a nova norma, haverá isenção total até o limite de 80 kWh/mês. Caso esse limite seja ultrapassado, o consumidor pagará apenas a diferença — modelo considerado mais simples e mais justo.
De acordo com o Ministério de Minas e Energia, esse consumo básico cobre as necessidades fundamentais de uma família com eletrodomésticos essenciais como geladeira, TV, chuveiro, ferro de passar, lâmpadas LED e carregadores de celular.
Liberdade de escolha e concorrência no setor elétrico
Outro ponto central da reforma é a abertura gradual do mercado de energia, que permitirá aos consumidores escolherem seu fornecedor, como já ocorre com operadoras de telefonia ou internet. O cronograma prevê a implementação do modelo a partir de 2026 para indústrias e comércios e, até 2027, para os demais consumidores.
Segundo o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, essa abertura trará “justiça tarifária”, ampliando a competitividade e incentivando o uso de fontes renováveis de energia, como a solar e a eólica.
Modernização e equilíbrio
Para evitar que os novos benefícios impactem negativamente os demais consumidores, o governo propôs uma série de medidas estruturantes. Entre elas:
Redistribuição justa dos custos das usinas nucleares Angra 1 e 2;
Redução de encargos sobre o consumo incentivado;
Definição de regras para autoprodução de energia;
Maior transparência na formação das tarifas.
A expectativa é de que a nova política social contribua também para a redução da inadimplência no setor, estimulando a eficiência da rede e abrindo espaço para investimentos e modernização.
Caminho para a sustentabilidade
A reforma também reforça o compromisso com a transição energética. Com a possibilidade de escolha, os consumidores poderão optar por fornecedores que utilizam fontes limpas, o que deve impulsionar ainda mais a geração sustentável.
A medida provisória segue agora para análise do Congresso Nacional. Caso seja aprovada e convertida em lei, o Brasil terá dado um dos passos mais ambiciosos das últimas décadas rumo a um sistema elétrico mais justo, acessível e sustentável.