Nesta semana, grandes veículos da imprensa nacional manifestaram publicamente sua preocupação com a estratégia do governo Lula de pressionar o Congresso Nacional por meio de discursos sobre justiça fiscal — especialmente em torno da proposta de aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para pessoas com altos rendimentos.

Reações editoriais de peso

O Estadão, Folha de S. Paulo e O Globo reservaram espaço em editoriais para reprovarem o que definiram como “discurso populista” do governo, que, segundo essas publicações, reforça a polarização entre pobres e ricos e pressiona o Legislativo a aprovar medidas sem debate técnico adequado. Os textos harmonizam na crítica de que essa continuidade pode afundar o ambiente institucional e promover instabilidade política.

Jornal Nacional se posiciona

O Jornal Nacional, da TV Globo, tratou o episódio: em sua edição, a âncora Renata Vasconcellos abriu espaço para preocupação com uma “campanha disseminada em redes sociais com ataques diretos ao Congresso Nacional”, destacando que isso provoca “preocupação de políticos e analistas”. Em seguida, reforçou o pedido por “moderação em defesa do respeito entre os poderes” e “convivência democrática de diferentes correntes políticas”. Muitos entenderam aí uma defesa velada dos interesses dos mais ricos.

Reação nas redes sociais

Usuários da rede X responderam com críticas à cobertura do JN. A jornalista Hildegard Angel, por exemplo, rebateu:

“Curioso, o JN pede ‘moderação’ aos que reclamam nas redes sociais contra o Congresso, que aprova aumentos de salários deles próprios… Agora, não vejo o JN se horrorizar com a enganação do povo por Brasil Paralelo… esse filme, já vimos.”

Outro perfil acusou:

“O JN deu uma clara demonstração de assessoria de imprensa dos ricos. A mobilização popular contra o Congresso tem tirado o sono da direita.”

O termo “Congresso da mamata”, feito para satirizar os privilégios no Legislativo, chegou a entrar entre os assuntos mais comentados do dia — refletindo o clima de insatisfação popular diante da derrubada dos decretos que endureciam o IOF para as camadas mais abastadas.

Contexto político e técnico

As medidas vetadas pelo Congresso, que iriam aumentar o IOF para operações acima de determinados valores, haviam sido apresentadas por Lula como forma de compensação fiscal pela ampliação de programas sociais. O governo quer que os mais ricos comecem a pagar impostos de forma mais justa. Deputados e senadores argumentam que isso prejudicaria a economia (o bolso dos mais ricos) e que o tema deve ser debatido com mais profundidade e parâmetros técnicos, não por pressão midiática ou retórica eleitoral.

O governo, por sua vez, tem usado sua visibilidade para tentar acelerar a tramitação da proposta, mas encontrou resistência política no Congresso de maioria de direita e forte reação da mídia e de segmentos do mercado financeiro, criando uma tensão entre a agenda de equidade fiscal e as prioridades orçamentárias do país.