Na manhã do dia 15 de maio de 1925, nascia no sertão do Ceará uma menina que traria ao mundo a delicadeza do bordado e a força da simplicidade. Maria Lopes Venâncio, hoje com 100 anos, soma quase um século de vida marcada pelo cuidado e pelo dom de criar beleza com as mãos.
Costureira, bordadeira e crocheteira, Maria ergueu uma trajetória entre agulhas, linhas e tecidos. Quem conhece, sabe: não foram apenas vestidos que ela costurou com perfeição ao longo dos anos — mas também memórias. Em cada ponto, um gesto de paciência. Em cada renda, um sinal de carinho. E foi assim que ela educou e acompanhou os passos de quatro filhos biológicos e uma filha do coração, que a cercaram de amor e lhe deram sete netos e três bisnetos. Riqueza imensurável!
Ao lado do marido, José Venâncio Gomes, com quem compartilhou quarenta anos de casamento (1956 a 1996), construiu um lar onde o respeito e o amor sempre foram os laços mais fortes. Atualmente, Dona Maria dedica-se à pintura de mandalas, atividade que ela descobriu mais tarde, mas que se tornou uma de suas formas favoritas de expressão.

Quando perguntada sobre o que mais tem visto de bom ao longo da vida, Maria não hesita:
“O nascimento dos meus filhos foi o que mais me emocionou. E costurar um vestido com perfeição me dava uma alegria que não cabe em palavras. Gosto de Jesus, gosto de ir à missa, de cantar ‘Índia’, de rezar, de pintar… Cada coisa tem seu momento, e todos eles são bons.”
Íntegra em suas palavras e singela em sua presença, Maria Lopes Venâncio representa uma geração de mulheres que, com coragem silenciosa, sustentaram famílias, transmitiram valores e deixaram marcas profundas nos pequenos gestos do cotidiano.
Do alto de seu século de vida, ela segue cantando, costurando e inspirando, prova de que há vidas que não precisam de manchetes para serem grandes — basta vivê-las com verdade e amor.