Em meio à intensificação da guerra comercial entre Estados Unidos e China, o presidente Donald Trump anunciou neste sábado (12) a isenção de tarifas para smartphones, computadores e chips importados do país asiático. A decisão foi divulgada oficialmente pelo U.S. Customs and Border Protection (alfândega dos EUA) e representa uma medida estratégica diante do impacto direto das tarifas sobre o setor tecnológico americano.
A mudança vem na esteira da imposição de tarifas de até 145% sobre uma ampla gama de produtos chineses, incluindo aço, baterias, veículos elétricos, têxteis e componentes industriais. A exceção concedida agora tem como objetivo proteger a indústria de tecnologia dos EUA, que depende fortemente da manufatura e dos insumos eletrônicos chineses.
Empresas como a Apple seriam diretamente prejudicadas com a taxação integral. A gigante norte-americana, por exemplo, fabrica a maior parte de seus dispositivos em território chinês. Dados do setor revelam que 78% dos laptops, 87% dos consoles de videogame e 77% dos brinquedos vendidos nos Estados Unidos têm origem chinesa — uma dependência que tornaria os aumentos tarifários potencialmente devastadores para consumidores e empresas.
A isenção parcial alivia a pressão sobre o mercado interno, evitando uma escalada nos preços dos eletrônicos de consumo, especialmente em um momento de alta demanda por produtos tecnológicos e de conectividade. Ao mesmo tempo, a decisão preserva a narrativa protecionista do governo Trump, mantendo tarifas rigorosas sobre outros setores estratégicos, como veículos elétricos, semicondutores e têxteis.
Para a China, essa abertura limitada representa uma janela de respiro em meio às crescentes barreiras comerciais impostas pelos Estados Unidos. Exportadores chineses dos segmentos de eletrônicos e tecnologia de consumo mantêm, assim, o acesso a um dos mercados mais lucrativos do planeta, mesmo diante de um ambiente de tensão crescente e incerteza geopolítica.
A decisão também evidencia a complexidade das cadeias globais de suprimentos, onde a interdependência entre as duas maiores economias do mundo impõe limites práticos a medidas mais radicais de separação comercial. A expectativa agora recai sobre os próximos movimentos de Pequim, que pode responder com novas contramedidas, ampliando ainda mais o embate que marca a atual fase das relações sino-americanas.