A China intensificou a importação de soja brasileira e afirmou que poderá reduzir ainda mais a dependência dos produtos agrícolas dos Estados Unidos. O anúncio ocorre em meio ao aumento de tarifas sobre produtos manufaturados chineses imposto por Washington e à estratégia de Pequim de diversificar suas fontes de abastecimento.
Nesta segunda-feira (28), o perfil oficial Yuyuan Tan Tian, da rede estatal chinesa CCTV, divulgou imagens da chegada de diversos navios descarregando soja no porto de Ningbo-Zhoushan, um dos principais centros logísticos do país. Segundo a publicação, após a redução das compras de grãos norte-americanos, navios brasileiros passaram a frequentar o terminal “um atrás do outro”.

Em abril deste ano, 40 navios carregados de soja utilizaram o terminal, um aumento de 48% em relação a abril de 2024. No total, a China desembarcou 700 mil toneladas de soja brasileira, volume 32% superior ao registrado no mesmo mês do ano passado.
2016
40% das importações de soja da China vinham dos Estados Unidos. O Brasil tinha 17% de participação.
2023
A participação da soja brasileira nas importações da China subiu para 25%, enquanto a dos EUA caiu para 13%.
Abril de 2024
Foram desembarcadas 530 mil toneladas de soja brasileira no porto de Ningbo-Zhoushan.
Abril de 2025
O volume desembarcado saltou para 700 mil toneladas, um aumento de 32% em relação ao ano anterior.
Projeção até junho de 2025
As remessas de grãos do Brasil, Argentina e Uruguai para a China podem ultrapassar 30 milhões de toneladas.
Em coletiva de imprensa, Zhao Chenxin, vice-diretor da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China, afirmou que o país asiático não sofrerá grandes impactos caso suspenda a compra de grãos e oleaginosas dos EUA, ressaltando a ampliação da produção interna e a diversificação de fornecedores, principalmente na América do Sul.
Dados recentes mostram que a participação dos produtos agrícolas norte-americanos nas importações chinesas caiu de 20% para 13% nos últimos anos, enquanto a participação brasileira cresceu de 17% para 25%. Em contraste, os portos norte-americanos de Seattle e Los Angeles, na costa oeste dos EUA, registraram queda no fluxo de cargas.
A possível retração nas exportações para a China representa um desafio para os agricultores norte-americanos. Em 2023, os EUA venderam cerca de US$ 33 bilhões em produtos agrícolas e US$ 15 bilhões em petróleo, gás e carvão para o mercado chinês.
Analistas preveem que as remessas de grãos da América do Sul para a China, lideradas pelo Brasil, podem ultrapassar 30 milhões de toneladas entre abril e junho, o que seria um recorde para o trimestre.
Apesar do cenário de tensão comercial, Zhao expressou confiança no cumprimento da meta de crescimento de cerca de 5% do PIB chinês para 2025, reafirmando o compromisso do governo em manter o foco no desenvolvimento interno.