O Relatório Anual Socioeconômico da Mulher (Raseam) 2025, divulgado nesta terça-feira (25) pelo Ministério das Mulheres, apresenta dados sobre a violência de gênero no Brasil e os avanços na redução de crimes letais contra mulheres. Os números revelam que, em 2024, foram registrados 1.450 feminicídios e 2.485 homicídios dolosos de mulheres, além de casos de lesão corporal seguida de morte. Esses registros indicam uma queda de 5,07% em relação a 2023, quando houve 1.438 feminicídios e 2.707 homicídios dolosos e lesões corporais fatais.

A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, destacou que a redução dos índices é resultado das políticas públicas e da mobilização nacional pelo feminicídio zero. Segundo ela, a sociedade tem desempenhado um papel fundamental ao intervir e denunciar situações de risco antes que se tornem fatais.

“Isso significa que alguém está intervindo antes que o fato aconteça, que alguém está tomando uma iniciativa. É disso que nós precisamos: de uma sociedade que não se cale”, afirmou a ministra.

Altos Índices de Violência Sexual Persistem

Apesar da tendência de queda na violência letal, os números ainda são alarmantes em relação a outros tipos de crimes contra mulheres.

Os dados também revelam que a maioria dos casos de violência contra mulheres adultas (20 a 59 anos) atinge mulheres pretas e pardas, representando 60,4% das vítimas, enquanto mulheres brancas correspondem a 37,5% dos registros. O Ministério das Mulheres ressalta que esses números evidenciam a sobreposição de vulnerabilidades para mulheres negras no Brasil.

Outro dado preocupante é o fato de que, em 76,6% dos registros de violência doméstica, sexual e outras formas de agressões contra mulheres, o agressor é do sexo masculino. O ambiente doméstico continua sendo o local de maior risco para as vítimas, com 71,6% das ocorrências registradas dentro das residências, conforme apontam os dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação do Ministério da Saúde (Sinan/MS).

Avanços e Desafios nas Políticas Públicas

Durante a divulgação do relatório, a ministra Cida Gonçalves reforçou que, embora os números mostrem avanços, ainda há desafios significativos para garantir a segurança e igualdade das mulheres.

“Agora, o desafio é como manter o processo de diminuição [da violência]. Isso não significa que é para a gente se aquietar. Mas, significa que o que nós fazemos, com um pouco de recurso que nós temos, tem dado resultados”, afirmou.

O Raseam 2025 abrange sete eixos temáticos principais: enfrentamento de todas as formas de violência contra mulheres, estrutura demográfica, autonomia econômica e igualdade no mundo do trabalho, educação, saúde integral, direitos sexuais e reprodutivos, mulheres em espaços de poder e decisão, e mulheres no esporte. O documento compila 328 indicadores de diferentes bases de dados oficiais do governo, um aumento em relação aos 270 indicadores analisados no relatório anterior, de 2023.

Entre os destaques socioeconômicos do relatório, estão a constatação de que as mulheres são maioria entre as pessoas responsáveis pelos domicílios brasileiros, e que elas recebem, em média, 79,3% do rendimento dos homens em empresas formais com mais de 100 funcionários. O levantamento também aponta avanços na representação feminina na política: nas eleições de 2024, 30,6% das candidatas a prefeita foram eleitas, um percentual superior ao registrado em 2020.

A ministra enfatizou que os dados do Raseam 2025 serão fundamentais para orientar a formulação de políticas públicas mais eficazes.

“O relatório vai nos ajudar a fazer o grande debate que nós precisamos nesse país. Nós queremos o feminicídio zero, mas queremos feminicídio zero com democracia, com igualdade, onde as mulheres, de fato, sejam iguais aos homens”, concluiu.