A professora quixadaense Mireia de Abreu Holanda, mãe do pequeno João Miguel Holanda Silveira, de apenas 9 anos, procurou a Delegacia de Polícia Civil de Quixadá, nesta terça-feira (20), para relatar um sério acidente com seu filho nas dependências de uma sala de aulas do Colégio Amadeu Cláudio Damasceno (CACD), instituição privada de renome neste município.

Segundo as informações dadas por Mireia à polícia, na manhã do dia 24 de março deste ano, seu filho Miguel, estudante do quarto ano do ensino fundamental, caiu dentro de uma sala de aulas e sofreu duas fraturas graves na perna, uma na tíbia e outra na fíbia. O menino, segundo a mãe, não teria recebido socorro imediato por parte dos funcionários da escola – mesmo gritando de desespero – e só foi levado ao hospital por familiares, depois de suportar dores excruciantes por quase uma hora.

Miguel foi levado, primeiro, para o Hospital Maternidade Jesus Maria José (HMJMJ) e, depois, ao Hospital Eudásio Barroso, onde foi aplicado gesso. Os ossos na perna, porém, ficaram juntados de forma errada, segundo a mãe, crescendo de maneira irregular. Mais sofrimento. Miguel, agora, teria que ser submetido a uma extensa cirurgia.

O menino realizou o procedimento cirúrgico no hospital Luiz de França, em Fortaleza. Os médicos instalaram na perna dele uma placa estabilizadora com sete parafusos. A recuperação é longa, com previsão de se estender por mais de um ano, se não houver mais complicações. O pai de Miguel, Jairo Nogueira da Silva, chegou a desmaiar ao ver os ferimentos profundos em seu filho, durante a cirurgia.

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CACD não explicou o acidente, segundo a mãe

Mireia disse ao Diário de Quixadá que o CACD não explicou as circunstâncias do acidente. As imagens das câmeras de segurança, por exemplo, não foram disponibilizadas à família porque estariam, segundo a instituição, sem funcionar. Ela apenas recebeu a informação de que, no momento do acidente, Miguel estava sozinho com outro aluno dentro da sala, sem supervisão.

“Não tiveram coragem sequer para chamar um carro para socorrer meu filho”, diz Mireia.

CACD não mostrou a solidariedade apropriada, dizem os pais

Nos dias que se seguiram ao acidente, Mireia diz que o CACD não mostrou a solidariedade apropriada, ficando a família desassistida. Miguel não recebeu aulas on-line, como prometeram, mas apenas tirava dúvidas por mensagens de celular. Estudioso, ele é um dos alunos premiados da escola.

“Só mandaram a psicóloga da escola uma vez. E ela ainda quis filmar meu filho sem minha autorização. Eu mandei apagar o vídeo que ela fez dele falando”, explica Mireia.

Mireia descreve o tratamento que foi dispensado à família pelo CACD, após o acidente do filho, como “desumano, sem coração, sem valores”.

“A vida do meu filho parou, literalmente!”, aponta Mireia.

Recentemente, Miguel passou a tomar medicamentos para lidar com ansiedade e sinais de depressão. Segue em tratamento em Fortaleza e sem condições de ficar viajando entre a capital e Quixadá. No próximo sábado (24), ele completará dez aninhos. Mas não nas circunstâncias normais para uma criança.

Após tentarem, sem êxito, entendimento com o CACD, os pais de Miguel não viram alternativa: vão acionar a Justiça para exigir reparação por todos os danos que estão sofrendo.

O Outro lado

Após a publicação e repercussão desta reportagem, o Colégio Amadeu Cláudio Damasceno enviou ao Diário de Quixadá uma nota de esclarecimento, publicada a seguir na íntegra:

Nota de Esclarecimento CACD

NOTA DE ESCLARECIMENTO

O CACD, instituição de ensino de larga tradição em nossa cidade, vem a público prestar esclarecimentos e restabelecer a verdade sobre versões e fatos que estão sendo recentemente distorcidos. Trata-se de um aluno nosso que, por infortúnio pessoal, sofreu uma súbita queda ao adentrar em sala de aula de nossas dependências. Por questões legais e éticas, não será mencionado o nome do menor. Porém, esse fato, lamentável sob todos os aspectos, e principalmente por imprimir sofrimento a uma criança, constituiu um típico acidente e trouxe inevitável comoção a todos os que fazem esta instituição.

Infelizmente, publicações inverídicas, talvez movidas por sentimentos oportunistas ou orientações equivocadas, procuram manchar a honradez de nosso nome e de nossa trajetória de êxitos. Nunca agimos com desprezo nem com indiferença. Pelo contrário, prestamos todo o acompanhamento e suporte pedagógico decorrente das atividades necessárias à boa formação do aluno. Disponibilizamos nosso serviço psicológico ao menor. Levamos mensagens de apoio de colegas e professores. Por pura liberalidade e ato de solidariedade, ainda passamos a dispensar qualquer obrigação contratual decorrente das mensalidades em curso, considerando a ausência física do aluno em nosso meio durante a recuperação. Temos amplas provas dessas verdades que não deveriam ter sido omitidas por quem usa as redes sociais e a mídia em geral para tentar apenas expor e denegrir.

Por fim, esclarecemos que todas as nossas iniciativas derivam de sentimento humano, moral e educacional. Não decorrem de responsabilidade legal ou dever jurídico, pois o acidente não se deu por atrito entre alunos, por atividade externa promovida pelo colégio ou por eventual obra de infraestrutura que tenha facilitado o infortúnio. O próprio aluno admitiu que caiu sozinho e essa afirmação foi devidamente confirmada por vários outros meios. Nenhum colégio atua como “garantidor universal” e um fato causado por acidente ou infelicidade do aluno não pode ser transformado em um possível meio para se auferir vantagem de qualquer natureza, especialmente pecuniária. Por amor à verdade e combate à má-fé, rogamos a DEUS pela mais rápida recuperação desse excelente aluno.

Atenciosamente,

DIREÇÃO DO CACD.