
O ex-ministro do Turismo Gilson Machado Neto foi preso na manhã desta sexta-feira (13), em Recife (PE), no âmbito de uma investigação conduzida pela Polícia Federal e pela Procuradoria-Geral da República (PGR). A informação foi confirmada pela jornalista Andréia Sadi, da GloboNews, e pela própria PF.
Segundo as autoridades, a prisão está ligada a uma suposta tentativa de obtenção de um passaporte português em nome do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O objetivo seria facilitar a fuga do militar do país e impedir que ele respondesse judicialmente à Ação Penal 2.688/DF, que investiga uma tentativa de golpe de Estado articulada durante o governo anterior.
PGR vê tentativa de obstrução de justiça
Em manifestação oficial, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou que há “elementos sugestivos” de que Gilson Machado atuou para obter o passaporte estrangeiro de forma irregular, com a finalidade de evitar a aplicação da lei penal a Mauro Cid.
“Essa atuação ocorreu possivelmente para viabilizar a evasão do país do réu Mauro Cesar Barbosa Cid, com o objetivo de se furtar à aplicação da lei penal, tendo em vista a proximidade do encerramento da instrução processual”, escreveu o procurador.
Ainda de acordo com as apurações, a articulação teria ocorrido nos bastidores, e Machado teria usado sua influência e contatos para tentar facilitar o procedimento de emissão do documento estrangeiro.
Mauro Cid e o núcleo do bolsonarismo investigado
Mauro Cid é figura central em diversas investigações envolvendo o ex-presidente Bolsonaro. Além da tentativa de golpe, ele também é investigado em esquemas de fraudes em cartões de vacinação, desvios de presentes oficiais e uso indevido de verbas públicas.
O nome de Gilson Machado, que foi ministro do Turismo entre 2020 e 2022 e um dos principais aliados políticos de Bolsonaro no Nordeste, não havia aparecido com destaque nas investigações anteriores. A prisão desta sexta-feira, no entanto, indica um novo foco da PGR e da PF sobre redes de apoio logístico ao núcleo bolsonarista investigado.
A Polícia Federal não divulgou, até o momento, se outras pessoas também estão sendo alvo da operação, nem se Gilson Machado prestou depoimento formal.
A prisão preventiva de Machado foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), com base nos indícios apresentados pela PGR. O caso segue em sigilo parcial.