A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (8) a Operação Underhand, com foco em investigar um amplo esquema de corrupção envolvendo desvio de recursos públicos e manipulação eleitoral em pelo menos 50 municípios do estado do Ceará. No centro das apurações está o deputado federal cearense Júnior Mano (PSB), apontado pela PF como o principal articulador do esquema.

De acordo com relatório obtido pela coluna do jornalista Fausto Macedo, do jornal O Estado de S. Paulo, a investigação já corria desde dezembro de 2023 e descreve o parlamentar como figura-chave de um esquema que desviava verbas de emendas parlamentares para compra de votos e manutenção de poder político em cidades estratégicas, especialmente no Sertão Central do Ceará.

A operação foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), com o cumprimento de 15 mandados de busca e apreensão nas cidades de Fortaleza (CE), Brasília (DF), Nova Russas (CE), Eusébio (CE), Canindé (CE) e Baixio (CE). Além das buscas, a Justiça determinou o bloqueio de R$ 54,6 milhões em contas de pessoas físicas e jurídicas ligadas ao caso. A medida visa evitar movimentações financeiras suspeitas e garantir a possibilidade de ressarcimento dos cofres públicos.

Segundo os investigadores, o esquema operava por meio de empresas controladas por aliados do grupo, que recebiam recursos oriundos de emendas parlamentares. Parte desses valores, ainda de acordo com a PF, era redirecionada para financiar campanhas eleitorais, comprar votos e assegurar apoio político em diversas administrações municipais.

Rozário Ximenes, ex-prefeita de Canindé, é autora de graves denúncias envolvendo o Deputado Júnior Mano.

As investigações se baseiam, em parte, nas denúncias feitas pela ex-prefeita de Canindé, Rozário Ximenes (Republicanos), ao Ministério Público. Em seu depoimento, Ximenes detalhou a atuação de uma rede de empresários e agentes públicos voltados a fraudar o uso de emendas. Segundo ela, Júnior Mano exercia papel ativo no desvio e na lavagem de recursos públicos.

Um relatório da PF, datado de 18 de dezembro de 2024, confirma os indícios do envolvimento do parlamentar. O documento afirma que ele “exercia papel central na manipulação dos pleitos eleitorais, tanto por meio da compra de votos quanto pelo direcionamento de recursos públicos desviados de empresas controladas pelo grupo criminoso”.

A assessoria do parlamentar cearense divulgou á imprensa a seguinte nota:

O deputado Júnior Mano não tem qualquer participação em processos licitatórios, ordenação de despesas ou fiscalização de contratos administrativos.

Como parlamentar, o deputado não exerce qualquer função executiva ou administrativa em prefeituras, não participa de comissões de licitação, ordenação de despesas ou fiscalização de contratos administrativos.

O parlamentar reafirma sua confiança nas instituições, em especial no Poder Judiciário e na Polícia Judiciária Federal, e reitera seu compromisso com a legalidade, a transparência e o exercício probo da função pública.

Tem plena convicção de que, ao final da apuração, a verdade dos fatos prevalecerá, com o completo esclarecimento das circunstâncias e o reconhecimento de sua correção de conduta.

Assessoria de imprensa

Deputado Federal
Júnior Mano

A investigação segue em andamento, sob sigilo parcial, e novas fases da operação não estão descartadas pela Polícia Federal.