O conclave que começa nesta quarta-feira (7) para escolher o novo papa após a morte de Francisco deve ocorrer sem grandes expectativas para o Brasil. Embora sete cardeais brasileiros estejam aptos a votar e a serem votados, especialistas avaliam que as chances de um pontífice brasileiro emergir do processo são próximas de zero.

O historiador Rodrigo Coppe Caldeira, da PUC Minas, destaca a baixa probabilidade de um novo papa latino-americano ser escolhido tão logo após o argentino Jorge Mario Bergoglio. “Essa marca da Igreja latino-americana que ele deixa em Roma diminui a probabilidade de um brasileiro”, avalia.

Cardeais Brasileiros no Conclave

Cardeais Brasileiros no Conclave

Representantes do Brasil na eleição do novo Papa

LS

Leonardo Ulrich Steiner

Arcebispo de Manaus

Idade: 74 anos
SR

Sérgio da Rocha

Primaz do Brasil e arcebispo de Salvador

Idade: 65 anos
JS

Jaime Spengler

Presidente da CNBB e arcebispo de Porto Alegre

Idade: 64 anos
OS

Odilo Scherer

Arcebispo de São Paulo

Idade: 75 anos
OT

Orani Tempesta

Arcebispo do Rio de Janeiro

Idade: 74 anos
PC

Paulo Cezar Costa

Arcebispo de Brasília

Idade: 57 anos
JB

João Braz de Aviz

Arcebispo emérito de Brasília

Idade: 77 anos

Cardeais Brasileiros no Conclave

Estes são os 7 representantes do Brasil que participarão da eleição do novo Papa.

Falta de protagonismo e diplomacia internacional

Além da questão regional, os cardeais brasileiros não ocupam cargos relevantes na Cúria Romana, o que reduz sua influência nos bastidores do Vaticano. O antropólogo Rodrigo Toniol, da UFRJ, é direto:

"Nenhum dos nossos reúne simultaneamente currículo curial robusto, verve pastoral midiática, rede linguística abrangente, identidade clara capaz de amalgamar votos de colegas europeus, africanos e asiáticos."

Ele lembra que o colégio cardinalício atual é o mais diverso da história, com 133 eleitores de 70 países, mas ainda marcado por forte presença europeia: são 52 cardeais, sendo 17 italianos.

Destaque de Notícia

Nomes brasileiros não estão entre os cotados

Embora historicamente o Brasil tenha tido nomes cogitados, nenhum avançou para as fases decisivas. Dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, foi mencionado no conclave de 2013, mas não prosperou. Em livro recente, ele lembra que só soube da especulação depois da eleição: "Ri muito. Francisco nem sequer estava no ranking dos papáveis."

Outros nomes lembrados no passado incluem dom Cláudio Hummes e dom Aloísio Lorscheider, que também ficaram de fora da escolha final.

Expectativa é baixa, mas surpresa não está descartada

Apesar do ceticismo, o vaticanista Filipe Domingues lembra que o conclave costuma surpreender. “Nossos brasileiros não têm grande visibilidade internacional, teria que alguém articular para que eles se tornassem mais papáveis. Agora, sempre pode haver surpresas”, diz. Para ele, dom Odilo ainda é o nome brasileiro mais conhecido, embora tenha anunciado que deixará a arquidiocese de São Paulo em 2026.

Com um conclave marcado pela diversidade de origens, mas ainda fortemente eurocêntrico, os olhares se voltam para nomes como o filipino Luis Antonio Tagle e o congolês Fridolin Ambongo. A expectativa de alternância continental e o momento geopolítico internacional contribuem para afastar, ao menos por ora, a possibilidade de um pontífice brasileiro.