Uma operação da Polícia Civil do Ceará prendeu, na manhã desta quarta-feira (2), nove influenciadores digitais suspeitos de divulgar, fomentar e estimular a prática de jogos ilegais no Brasil. Conforme as autoridades, os suspeitos enganavam seguidores nas redes sociais ao utilizar “contas demo” e senhas programadas para ganhar nos sites de apostas, simulando ganhos fáceis e incentivando a adesão a plataformas não regulamentadas.

A ação contou com o cumprimento de mandados de prisão e busca e apreensão, bem como o bloqueio de contas bancárias e a indisponibilidade de bens dos investigados. As investigações apontam que o grupo operava em várias regiões do país e movimentava grandes quantias de dinheiro de forma irregular.

Operação em vários estados

A operação foi deflagrada em diversas cidades do Ceará, incluindo Juazeiro do Norte, Fortaleza, Itaitinga e Eusébio. Além disso, ações ocorreram também em três municípios do estado de São Paulo: São Paulo, Embu das Artes e Santana de Parnaíba. Outras localidades alvos da investigação foram Cuiabá e Várzea Grande, em Mato Grosso, e Marabá, no Pará.

Ao todo, foram expedidos 13 mandados de prisão, 17 mandados de busca e apreensão, 23 mandados de busca de veículos e 15 mandados de bloqueio de bens e valores. Durante a operação, três carros de luxo, avaliados em aproximadamente R$ 500 mil cada, foram apreendidos em Juazeiro do Norte. As autoridades também encontraram uma quantia significativa em dinheiro, cujo valor não foi divulgado.

Esquema fraudulento e investigação

As investigações tiveram início há cerca de um ano, após a Polícia Civil receber informações de que influenciadores digitais estavam promovendo jogos de azar ilegais. Segundo o policial civil Júlio Agrelli, os investigados administravam plataformas ilegais e movimentavam grandes quantias de dinheiro sem autorização do Estado, o que impactava diretamente na arrecadação de tributos.

“Os alvos dessa operação foram basicamente os agentes e influenciadores que administram plataformas digitais, todas elas ilegais. E o volume movimentado por esse pessoal é muito grande, bastante significativo. Como não tem autorização do Estado para funcionar, o Estado deixa de recolher uma quantia bastante significativa de tributos”, explicou Agrelli.

As autoridades identificaram que o grupo criminoso era formado por proprietários chineses de plataformas de apostas, gerentes, agentes responsáveis pela contratação de influenciadores e os próprios criadores de conteúdo.

Conforme as autoridades, os suspeitos enganavam seguidores nas redes sociais ao utilizar “contas demo” e senhas programadas para ganhar nos sites de apostas, simulando ganhos fáceis e incentivando a adesão a plataformas não regulamentadas.

O delegado Giovani Moraes, do Núcleo de Inteligência de Juazeiro do Norte, reforçou que a investigação teve autorização do Ministério da Fazenda e revelou que os influenciadores continuavam promovendo novas plataformas ilegais diariamente.

“Durante um ano, investigamos com a autorização do Ministério da Fazenda. Observamos que as plataformas divulgadas não eram legalizadas e que eles continuavam praticando o crime diariamente, divulgando novas plataformas. Deflagramos essa operação na data de hoje”, afirmou Moraes.

A Polícia Civil segue com as investigações para identificar outros envolvidos no esquema e avaliar a extensão do prejuízo causado às vítimas. Os suspeitos podem responder por crimes como organização criminosa, estelionato e lavagem de dinheiro.

(Foto: TV Verdes Mares/Reprodução)