
As investigações sobre o assassinato de uma família em Itaperuna, no interior do Rio de Janeiro, revelaram novos e perturbadores desdobramentos. A Polícia Civil confirmou que a namorada do adolescente de 14 anos — autor confesso da morte dos pais e do irmão caçula — também planejava o assassinato da própria mãe. O caso ganhou ainda mais gravidade após a análise de mensagens trocadas entre os dois jovens em redes sociais e aplicativos de jogos online.
Segundo o delegado Carlos Augusto Guimarães, da 143ª Delegacia de Polícia de Itaperuna, as conversas evidenciam que o casal discutia detalhes do plano. A adolescente, de 15 anos, moradora de Água Boa, em Mato Grosso, sugeriu que o namorado fosse até sua cidade após os crimes no Rio e concluísse o segundo assassinato.
— Ela fala nas mensagens que agora só faltaria matar a mãe dela. Pergunta se o adolescente iria encontrá-la e se levaria a arma usada na chacina — afirmou o delegado.
A correspondência digital também mostra que o casal cogitava formas de financiar a viagem. O jovem, após matar os próprios familiares, cogitava seguir de ônibus ou por caronas até o Centro-Oeste. A motivação central era a resistência dos pais de ambos à relação entre os dois — mantida exclusivamente pela internet há cerca de seis anos, desde que se conheceram em jogos online.
Após o crime em Itaperuna, a Polícia Civil do Mato Grosso passou a monitorar a adolescente. Um notebook foi apreendido e periciado, revelando diálogos com declarações de afeto, orgulho e banalização da violência.
— Ela diz estar feliz pelo que ele fez, afirmando que nunca imaginou que alguém cometeria isso por amor. Em outro trecho, brinca dizendo que agora era a vez dela — relatou o delegado Matheus Soares, que colheu o depoimento da adolescente em Água Boa.
A mãe da jovem, ao ser informada da investigação, demonstrou surpresa e incredulidade. Segundo seu relato, a filha era aplicada nos estudos e sempre foi considerada “uma menina exemplar”.
A adolescente foi apreendida e permanece na Delegacia de Água Boa, à disposição da Justiça. O inquérito segue em sigilo, com cooperação entre as polícias civis do Rio de Janeiro e Mato Grosso.