Três influenciadores digitais foram presos, nesta quinta-feira (20), no Ceará, suspeitos de promover jogos de azar nas redes sociais. Janisson Moura, Milena Peixoto e Victória Oliveira foram capturados em Juazeiro do Norte, no Cariri cearense, durante uma operação que também ocorreu nos estados do Maranhão, Minas Gerais e Bahia.

Além das prisões, a polícia apreendeu um veículo e itens de luxo, como joias. A ação faz parte de uma operação para desarticular uma associação criminosa que, segundo as autoridades, envolve influenciadores digitais suspeitos de estelionato, lavagem de dinheiro e crimes contra a economia popular.

Esquema com jogos de azar

Fortune Tiger é um cassino online no Brasil, que ficou famoso através de influencers. — Foto: Reprodução

De acordo com informações da TV Verdes Mares, os influenciadores eram cooptados por criminosos chineses, que os pagavam para divulgar jogos de azar ilegais no Brasil, como o Fortune Tiger, também conhecido como “Jogo do Tigrinho”.

O game é um caça-níquel para celular, que exige a entrada em uma casa de apostas para jogar. Até dezembro de 2023, esse tipo de jogo era proibido no Brasil, mas a Lei 14.790/2023 liberou o funcionamento de plataformas digitais de apostas. No entanto, os caça-níqueis físicos continuam proibidos.

Como funcionava o golpe

Sabe aquele influenciador que você segue que, vez por outra, aparece nos stories mostrando seus ganhos nas plataformas de jogos? Pois é. A polícia aponta que eles podem estar praticando fraude e enganando você bem direitinho.

Segundo o delegado Geovane Morais, que coordena a operação, os influenciadores presos no Cariri usavam uma conta “demo” manipulada para apresentar apenas resultados vitoriosos no jogo. Com isso, os seguidores acreditavam que era fácil ganhar dinheiro com as apostas.

“O que esses influenciadores fazem é enganar os seguidores, criando a ilusão de um lucro fácil e rápido, quando na realidade as apostas só beneficiam os operadores do jogo”, afirmou o delegado.

Ostentação nas redes sociais

Janisson Moura, Milena Peixoto e Victória Oliveira, influencers presos no Ceará. — Foto: Redes sociais/Reprodução

A investigação apontou que os influenciadores usavam o dinheiro recebido de um grupo chinês para ostentar um estilo de vida luxuoso nas redes sociais.

Viagens internacionais, estadias em hotéis de luxo, jantares em restaurantes caros e exibição de bens de alto valor eram usados para atrair seguidores e reforçar a falsa ideia de sucesso financeiro.

“O público vê esses influenciadores ostentando uma vida de luxo e acredita que isso é fruto dos jogos de azar. Mas, na verdade, tudo isso vem do dinheiro dos próprios seguidores que caem no golpe”, explicou o delegado.

A polícia segue investigando o caso e não descarta novas prisões, inclusive em outras cidades do Ceará.