Apesar do presidente Jair Bolsonaro não ter decretado quarentena nacional no combate ao coronavírus, como fizeram outros chefes de Estado ao redor do mundo, vários governadores decretaram o isolamento social e suspenderam todos os serviços considerados não essenciais.

É o caso, por exemplo, de Camilo Santana, no Ceará. Aqui, o decreto fechando o comércio, incluindo cadeias inteiras de produção e serviços, foi estendido até 20 de abril.

Centro de Quixadá, em foto de Cleyton de Paula.

Em Quixadá, no Sertão Central, a maior parte da população aderiu à quarentena. O município tem quatro confirmações da Covid-19 e mais de 20 casos suspeitos. A cidade que costuma ter as noites mais movimentadas da região está com bares, lanchonetes, pizzarias e restaurantes de portas fechadas. Para não zerar totalmente o faturamento, alguns investiram pesado no delivery.

Mas apesar da ampla cooperação popular, muitos estão preferindo dar o seu “jeitinho” para violar a quarentena. Relatos nas redes sociais se multiplicam dando conta de estabelecimentos que deveriam estar fechados, mas que estão funcionando às escondidas. Durante o dia, a movimentação no centro da cidade chega a ser intensa.

A prefeitura local, através de sua Agência de Fiscalização (Agefisq), tem se esforçado para conscientizar a todos e, em alguns casos, fechado portas de locais que insistiram em aglomerar pessoas. Um trabalho importante que tem sido feito é o de afastar uns dos outros os usuários de agências bancárias e casas lotéricas nas filas de espera.

A verdade é que, sem compromisso com a cidadania e sem aceitação de que todos, neste momento, vão inevitavelmente ter perdas financeiras, os decretos de isolamento não surtirão efeitos plenos, e todos são colocados sob risco de contágio. Só piora a situação a demora do governo federal para entregar aos mais pobres os auxílios financeiros para a quarentena. Sem trabalhar e sem dinheiro para alimentar a família, para muitos não há outra saída senão violar o isolamento social.

O Procurador Geral de Justiça do Ceará, Manoel Pinheiro, pediu que a população denunciasse os casos de violações dos decretos do governador cearense. Ele recomenda gravar as violações, com indicação de data, local e os envolvidos e enviar o material para a Polícia Civil ou para o próprio MP-CE pelo seguinte e-mail: [email protected].

O mês de abril terá o período mais crítico no enfrentamento ao coronavírus. O que a população escolher fazer neste mês, cooperar ou dar “jeitinho” para violar quarentena, definirá a curva de contágios, de internações em UTI e de mortes.