O que era para ser uma simples atividade escolar virou motivo de preocupação em Baturité, no Ceará. Em uma escola pública do distrito de Putiú, crianças de apenas 9 e 10 anos produziram, durante uma oficina criativa com papel e papelão, réplicas de armas e coletes com inscrições de facções criminosas. A cena acendeu o alerta entre educadores, autoridades e moradores da cidade.

A proposta pedagógica incentivava o uso de materiais recicláveis para estimular a criatividade dos alunos. Mas o que surpreendeu foi o resultado: alguns estudantes usaram o momento para reproduzir símbolos associados ao crime organizado. A situação chegou ao conhecimento do Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), que iniciou uma investigação para apurar as circunstâncias do caso.

Na semana passada, representantes da 1ª Promotoria de Justiça de Baturité estiveram na escola para ouvir professores e membros da diretoria. O promotor Antônio Forte de Souza Júnior declarou que o MP continuará acompanhando o caso de perto e que medidas cabíveis poderão ser adotadas, caso se identifiquem responsabilidades ou falhas na supervisão da atividade.

A prefeitura, por meio do advogado Edson Lucas, afirmou que a confecção dos objetos com referências criminosas não foi estimulada pela escola. Segundo ele, a atividade fazia parte de uma semana especial dedicada à conscientização sobre o autismo e, ao fim da programação, algumas crianças utilizaram materiais que haviam sobrado para criar os itens por conta própria.

“As crianças foram identificadas, os pais notificados e as providências disciplinares tomadas. O episódio está sendo tratado com a seriedade que merece, mas é lamentável que haja tentativas de politizar uma situação tão delicada”, disse o advogado, em tom de crítica à repercussão do caso nas redes sociais e em grupos locais.

Apesar do esforço das autoridades em conter os danos, o episódio revela uma realidade mais profunda: o quanto a violência e o tráfico já permeiam o imaginário de crianças em comunidades vulneráveis.