O conclave que começa nesta quarta-feira (7) para escolher o novo papa após a morte de Francisco deve ocorrer sem grandes expectativas para o Brasil. Embora sete cardeais brasileiros estejam aptos a votar e a serem votados, especialistas avaliam que as chances de um pontífice brasileiro emergir do processo são próximas de zero.
O historiador Rodrigo Coppe Caldeira, da PUC Minas, destaca a baixa probabilidade de um novo papa latino-americano ser escolhido tão logo após o argentino Jorge Mario Bergoglio. “Essa marca da Igreja latino-americana que ele deixa em Roma diminui a probabilidade de um brasileiro”, avalia.
Cardeais Brasileiros no Conclave
Representantes do Brasil na eleição do novo Papa
Leonardo Ulrich Steiner
Arcebispo de Manaus
Sérgio da Rocha
Primaz do Brasil e arcebispo de Salvador
Jaime Spengler
Presidente da CNBB e arcebispo de Porto Alegre
Odilo Scherer
Arcebispo de São Paulo
Orani Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro
Paulo Cezar Costa
Arcebispo de Brasília
João Braz de Aviz
Arcebispo emérito de Brasília
Cardeais Brasileiros no Conclave
Estes são os 7 representantes do Brasil que participarão da eleição do novo Papa.
Falta de protagonismo e diplomacia internacional
Além da questão regional, os cardeais brasileiros não ocupam cargos relevantes na Cúria Romana, o que reduz sua influência nos bastidores do Vaticano. O antropólogo Rodrigo Toniol, da UFRJ, é direto:
"Nenhum dos nossos reúne simultaneamente currículo curial robusto, verve pastoral midiática, rede linguística abrangente, identidade clara capaz de amalgamar votos de colegas europeus, africanos e asiáticos."
Ele lembra que o colégio cardinalício atual é o mais diverso da história, com 133 eleitores de 70 países, mas ainda marcado por forte presença europeia: são 52 cardeais, sendo 17 italianos.
Nomes brasileiros não estão entre os cotados
Embora historicamente o Brasil tenha tido nomes cogitados, nenhum avançou para as fases decisivas. Dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, foi mencionado no conclave de 2013, mas não prosperou. Em livro recente, ele lembra que só soube da especulação depois da eleição: "Ri muito. Francisco nem sequer estava no ranking dos papáveis."
Outros nomes lembrados no passado incluem dom Cláudio Hummes e dom Aloísio Lorscheider, que também ficaram de fora da escolha final.
Expectativa é baixa, mas surpresa não está descartada
Apesar do ceticismo, o vaticanista Filipe Domingues lembra que o conclave costuma surpreender. “Nossos brasileiros não têm grande visibilidade internacional, teria que alguém articular para que eles se tornassem mais papáveis. Agora, sempre pode haver surpresas”, diz. Para ele, dom Odilo ainda é o nome brasileiro mais conhecido, embora tenha anunciado que deixará a arquidiocese de São Paulo em 2026.
Com um conclave marcado pela diversidade de origens, mas ainda fortemente eurocêntrico, os olhares se voltam para nomes como o filipino Luis Antonio Tagle e o congolês Fridolin Ambongo. A expectativa de alternância continental e o momento geopolítico internacional contribuem para afastar, ao menos por ora, a possibilidade de um pontífice brasileiro.
