A Polícia Federal está investigando o desvio de R$ 48,7 milhões relacionados à compra de 300 respiradores pulmonares pelo Consórcio Nordeste, em 2020. Os equipamentos, adquiridos durante o auge da pandemia de Covid-19, jamais foram entregues.

O contrato foi firmado com a empresa Hempcare, que, segundo as investigações, não possuía experiência comprovada na venda de respiradores. Após o pagamento antecipado pelo Consórcio Nordeste, a Hempcare teria transferido integralmente os recursos para diversas contas, utilizando os valores para fins pessoais, como a aquisição de veículos de luxo, pagamento de faturas de cartão de crédito e mensalidades escolares.

De acordo com a Polícia Federal, entre os bens adquiridos com o valor desviado estão um SUV Volkswagen Touareg, um caminhão Mercedes-Benz e um Mitsubishi ASX. Além disso, R$ 150 mil foram usados para quitar despesas de cartão de crédito. Estima-se que pelo menos R$ 5 milhões tenham sido repassados a empresas sem qualquer vínculo com o fornecimento dos equipamentos.

A dona da Hempcare, Cristiana Taddeo, firmou acordo de delação premiada e revelou o pagamento de comissões milionárias a lobistas, supostamente responsáveis por intermediar o contrato com o governo da Bahia. A investigação apura se funcionários públicos também foram beneficiados.

2020 – Compra dos respiradores

O Consórcio Nordeste fecha contrato com a empresa Hempcare para aquisição de 300 respiradores pulmonares.

Abril a Maio de 2020 – Transferência dos recursos

R$ 48,7 milhões são transferidos à Hempcare e usados em despesas pessoais, compra de veículos e pagamento de cartões de crédito.

2020 – Falha na entrega dos respiradores

Os equipamentos não são entregues e o valor pago não é recuperado até hoje.

2024 – Delação premiada

A empresária Cristiana Taddeo, da Hempcare, firma delação e revela pagamento de comissões a lobistas que intermediaram o contrato.

Abril de 2025 – TCU decide

O Tribunal de Contas da União inocenta o ministro Rui Costa e Carlos Gabas, contrariando parecer técnico que sugeria aplicação de multa.

Atualidade – Continuidade das investigações

A Polícia Federal mantém a investigação ativa e a Justiça Federal encaminha o caso ao STJ.

Em decisão recente, o Tribunal de Contas da União (TCU) inocentou o ministro da Casa Civil, Rui Costa, que na época era governador da Bahia, e Carlos Gabas, ex-secretário-executivo do Consórcio Nordeste. A decisão contrariou parecer técnico do próprio TCU, que havia apontado irregularidades e recomendado aplicação de multas.

A Justiça Federal da Bahia remeteu o caso ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), uma vez que Rui Costa deixou o cargo de governador e perdeu o foro por prerrogativa de função.

A assessoria de Rui Costa informou que, ainda durante sua gestão no governo da Bahia, determinou a abertura de inquérito pela Polícia Civil para apurar os fatos e reforçou que espera a responsabilização dos envolvidos no desvio de recursos públicos.

As investigações continuam em andamento.