Desde que o papa Francisco foi internado, em meados de fevereiro, o cardeal Pietro Parolin, 70 anos, atual secretário de Estado da Santa Sé, passou a receber atenção redobrada. Além de ocupar o segundo cargo mais importante do Vaticano, atrás apenas do papa, ele figura entre os nomes mais cotados para suceder Francisco.
Quem comanda o conclave após a morte de um papa
Segundo as normas da Igreja Católica, cabe ao decano do Colégio Cardinalício convocar os cardeais a Roma e presidir as reuniões que antecedem a escolha de um novo papa. Atualmente, o decano é Giovanni Battista Re, de 91 anos, e o vice-decano é Leonardo Sandri, de 81. Ambos estão impedidos de entrar na Capela Sistina por ultrapassarem o limite de idade (80 anos) para votar.
Dessa forma, a condução das sessões dentro da Capela caberá a Parolin, o cardeal-bispo com mais tempo de nomeação entre os eleitores. Ele deverá assumir a liderança da dinâmica do conclave, conduzindo os procedimentos após o “extra omnes”, expressão latina que marca o fechamento da Capela Sistina.
Papel de coordenador e possível influência no conclave
Embora não tenha autoridade sobre os votos, o cardeal responsável pela condução dos trabalhos pode exercer influência ao definir o tom das discussões. O novo papa só pode ser eleito com o apoio de dois terços dos eleitores, um consenso que costuma ser difícil de alcançar. Atualmente, 135 cardeais estão aptos a votar — desses, 108 (80%) foram nomeados por Francisco.
Natural da região de Vicenza, na Itália, Pietro Parolin é diplomata de carreira da Santa Sé, com atuação iniciada nos anos 1980. Foi promovido por João Paulo II e Bento XVI, e, em 2013, foi nomeado secretário de Estado por Francisco.
Parolin é conhecido por seu estilo conciliador e discreto. Liderou negociações complexas com países como China e Vietnã, com os quais o Vaticano não mantém relações diplomáticas formais. Seu trabalho inclui acordos sobre nomeações de bispos e presença institucional nesses países.
Apesar de não ser considerado progressista, Parolin evita confrontos e raramente expressa discordâncias públicas. Em relação à bênção a casais homossexuais autorizada por Francisco em 2023, limitou-se a dizer que o tema exigia mais estudos, diante das reações negativas dentro da Igreja.
Em 2023, Parolin esteve no Brasil duas vezes: em abril, em visita oficial ao presidente Lula, e em novembro, durante a cúpula do G20.
Nome forte para o próximo papado
Na imprensa italiana, o nome de Parolin aparece entre os favoritos para ser eleito no próximo conclave. Sua experiência diplomática, perfil moderado e longa proximidade com Francisco reforçam essa expectativa.
Caso seja eleito, Parolin será o primeiro papa italiano desde João Paulo I, morto em 1978. A situação remete ao conclave de 2005, quando Joseph Ratzinger coordenou o processo que o elegeu como Bento XVI.
Nas casas de apostas
A aposta sobre quem será o novo papa lidera o ranking de todas as apostas no Polymarket, um mercado americano de previsões que utiliza a mesma tecnologia blockchain das criptomoedas.
O volume de apostas na plataforma atingiu US$ 2.902.002, aproximadamente R$ 16,9 milhões.
Os 10 nomes mais cotados para o cargo de papa são:
- Pietro Parolin: 37% das apostas;
- Luis Antonio Tagle: 26% das apostas;
- Péter Erdö: 8% das apostas;
- Peter Turkson: 7% das apostas;
- Pierbattista Pizzaballa: 7% das apostas;
- Robert Sarah: 5% das apostas;
- Matteo Zuppi: 5% das apostas;
- Raymond Burke: 3% das apostas;
- Mario Grech: 2% das apostas;
- Fridolin Ambongo Besungu: 1% das apostas.