Durante a reunião dos ministros da Agricultura do Brics, realizada nesta quinta-feira (17) em Brasília, o ministro Carlos Fávaro afirmou que o Brasil pretende ocupar parte do espaço deixado pelos Estados Unidos no mercado chinês de carne bovina. Segundo ele, a recente decisão da China de não reabilitar 395 plantas frigoríficas norte-americanas representa uma oportunidade comercial para o país.
De acordo com o ministro, a suspensão das habilitações ocorre em meio à intensificação da guerra comercial entre EUA e China, e o Brasil pode se beneficiar diretamente da lacuna deixada no fornecimento de proteínas ao gigante asiático.
“Alguém vai precisar fornecer essa carne, que era fornecida pelos norte-americanos. O Brasil se apresenta, com muita vontade e capacidade”, afirmou Fávaro.
O ministro, no entanto, ponderou que não se trata de uma substituição completa.
“O Brasil não pode ter essa pretensão. Mas temos potencial para crescer gradualmente nesse mercado”, declarou.
Ele ressaltou que o país possui uma das maiores capacidades do mundo para expansão agrícola, com possibilidade de aumentar sua produção em dezenas de milhões de hectares nos próximos anos.

Fávaro confirmou também que representantes da alfândega chinesa devem desembarcar em Brasília na próxima terça-feira (22) para discutir protocolos sanitários e ampliar o comércio bilateral. O encontro antecede a visita oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, prevista para o mês de maio, quando temas como segurança alimentar e acordos comerciais devem ganhar destaque na pauta.
Além da China, o Brasil também busca estreitar laços comerciais com outros países asiáticos, como o Japão. Em março, um acordo de cooperação foi firmado durante a visita de Lula a Tóquio.
“Por óbvio, queremos a ampliação com a China. E vamos nos apresentar como opção diante da não reabilitação das plantas dos EUA”, reforçou o ministro.
A reunião do Brics — bloco que reúne Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e outros países emergentes — abordou, entre outros temas, o aumento do protecionismo e as barreiras comerciais impostas globalmente. Embora o “tarifaço” dos EUA não tenha sido o tema central do encontro, segundo Fávaro, ele permeou as discussões entre os países.
“Certamente, essa postura protecionista dos Estados Unidos nos estimula ainda mais a buscar o fortalecimento do bloco e a criação de novas oportunidades comerciais”, destacou o ministro.
A expectativa é que, até o fim do encontro, seja divulgada uma declaração conjunta com compromissos em áreas como agropecuária, sustentabilidade e um plano de ação para os próximos quatro anos. O documento será apresentado oficialmente na cúpula de líderes do Brics, marcada para julho no Rio de Janeiro.
Brasil quer ocupar espaço deixado pelos EUA no mercado de carne da China
- Brasil se apresenta como alternativa para suprir demanda chinesa após desabilitação de 395 frigoríficos dos EUA.
- Ministro Carlos Fávaro afirma que o país tem capacidade para ampliar a produção e fornecer segurança alimentar.
- Delegação da alfândega da China se reúne com autoridades brasileiras no dia 22 de abril.
- A visita técnica antecede a viagem oficial do presidente Lula à China, prevista para maio.
- Expectativa é ampliar a exportação de carne bovina e reforçar o comércio bilateral com países asiáticos.