O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, nesta quarta-feira (9), que teme ser assassinado caso venha a ser preso. A declaração foi feita durante entrevista ao podcast Direto de Brasília, no contexto das investigações conduzidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em que o ex-mandatário é réu por tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

“Na verdade, eles querem me matar. Querem dar um fim em mim. Coloca na cadeia e é fácil eliminar alguém sem deixar provas. Eu sou um paralelepípedo no sapato deles. Eu não fui para o outro lado”, afirmou Bolsonaro, segundo informações do Infomoney.

Durante a entrevista, Bolsonaro voltou a negar qualquer participação nos atos de 8 de janeiro de 2023, quando apoiadores extremistas invadiram e depredaram os prédios dos Três Poderes, em Brasília. O ex-presidente se encontrava nos Estados Unidos à época dos ataques.

“Esse processo sobre golpe não deveria existir. Estava fora do país. Não participei de nada”, declarou.

Acusações e críticas ao STF

Bolsonaro também sugeriu que o ministro Alexandre de Moraes, relator dos inquéritos contra ele no STF, teria motivações pessoais na condução das investigações. Questionado se via semelhanças entre a atuação de Moraes e a do então juiz Sergio Moro nos processos contra o presidente Lula, o ex-mandatário respondeu positivamente:

“Eu não devo nada. Não tem crime nenhum da minha parte. Mas comigo parece que é algo pessoal do Alexandre de Moraes. Não consigo entender outra coisa.”

Réu por tentativa de golpe

O ex-presidente responde a uma série de investigações no STF. Entre as principais, está a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) por tentativa de abolição violenta do Estado democrático de direito. A peça inclui suspeitas de um plano para assassinar autoridades, entre elas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o próprio ministro Alexandre de Moraes.

Além disso, Bolsonaro também é investigado por envolvimento na disseminação de fake news, ataques ao sistema eleitoral e uso indevido da estrutura do governo para fins políticos e eleitorais. A PGR afirma que há elementos robustos que indicam uma articulação golpista no período pós-eleitoral, com o objetivo de anular o resultado das eleições presidenciais de 2022.

Clima de tensão política

As falas de Bolsonaro ocorrem em meio a uma crescente tensão entre o bolsonarismo e as instituições do Judiciário. Aliados do ex-presidente vêm pressionando pela anistia de condenados pelos ataques golpistas de janeiro, enquanto manifestações públicas têm buscado mobilizar apoio político e popular para sua defesa.

O julgamento de Bolsonaro é considerado um dos maiores testes de resistência da democracia brasileira desde a redemocratização. Caso seja condenado, poderá abrir um precedente inédito: o de punição penal de um ex-chefe do Executivo por envolvimento direto em um projeto de ruptura institucional.