O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recusou beber a água oferecida no Supremo Tribunal Federal (STF) durante as quase sete horas em que acompanhou o julgamento das denúncias apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR), nesta terça-feira (25). A recusa, motivada pelo medo de envenenamento, chamou a atenção e reforçou uma postura que Bolsonaro já demonstrou em outras ocasiões.
Assim como fez pela manhã, o ex-presidente permaneceu sentado durante toda a sessão da tarde e rejeitou duas ofertas de hidratação. O temor de envenenamento não é novo e já havia sido mencionado por ele e seus aliados em situações anteriores, inclusive em viagens internacionais.
Negativa mesmo com garrafa lacrada
Durante a sessão, advogados e aliados tentaram oferecer água ao ex-presidente. No meio da tarde, o advogado Fabio Wajngarten, ex-ministro da Secretaria de Comunicação, buscou um copo d’água para Bolsonaro na antessala do auditório, onde eram servidos café, biscoitos e bolo. A temperatura em Brasília passava dos 25 ºC.
No entanto, Bolsonaro recusou a bebida. Minutos depois, um segurança do STF trouxe uma garrafa de água mineral lacrada, com um aviso explícito de que não havia sido aberta. Mesmo assim, o ex-presidente rejeitou a oferta e passou a garrafa para outro de seus advogados, Paulo Cunha Bueno, que acabou consumindo a água.
Vale destacar que dentro do plenário da Primeira Turma do STF, onde Bolsonaro acompanhava o julgamento, é proibido o consumo de alimentos e bebidas. Apenas ministros e advogados, durante as sustentações orais, tiveram acesso à água na tribuna.
Histórico de desconfiança
Essa não foi a primeira vez que Bolsonaro demonstrou preocupação com a procedência da água que consome. Em 2023, mensagens interceptadas pela Polícia Federal revelaram que ex-assessores do ex-presidente discutiam a necessidade de levar garrafas próprias até em viagens internacionais, como ocorreu em sua ida a Nova York, nos Estados Unidos.
Além disso, durante o debate presidencial de 2022 na TV Globo, Bolsonaro também levou suas próprias garrafas de água, alegando temer um possível atentado às vésperas da eleição.
A postura do ex-presidente no STF ocorre no momento em que a PGR o acusa de integrar um suposto plano para uma tentativa de golpe de Estado, com o objetivo de impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Se a denúncia for aceita pelo Supremo, Bolsonaro se tornará réu em processo criminal.