A China deu mais um passo ousado em sua corrida para dominar o setor global de inteligência artificial (IA). A partir do próximo semestre letivo, que começa no outono do Hemisfério Norte, estudantes de Pequim — inclusive os do ensino fundamental — terão aulas obrigatórias de IA. A iniciativa faz parte de uma política nacional voltada à formação precoce de talentos capazes de liderar a próxima geração da indústria tecnológica.
A medida foi anunciada pela Comissão Municipal de Educação de Pequim e determina que todas as escolas da capital chinesa ofereçam ao menos oito horas anuais de aulas sobre IA, que poderão ser aplicadas de forma independente ou integradas ao currículo já existente.
Formação começa ainda no ensino fundamental
Os cursos serão adaptados para diferentes faixas etárias. Crianças do ensino fundamental, com idades entre 6 e 14 anos, serão introduzidas aos conceitos básicos de forma prática. Já os estudantes do ensino médio (15 a 17 anos) terão acesso a conteúdos mais aprofundados, com foco em aplicações, inovação e desenvolvimento de soluções com IA.
Segundo o governo chinês, a meta é clara: criar uma geração de profissionais altamente capacitados desde cedo, alinhados ao projeto nacional de tornar a China líder mundial em inteligência artificial até 2030. A iniciativa também atende a uma diretriz aprovada no Congresso Nacional do Povo, que prevê o apoio ao desenvolvimento de modelos de IA em larga escala, equipamentos inteligentes e tecnologias de manufatura avançada.
Competição global pela alfabetização em IA
A decisão do governo de Pequim também foi impulsionada pelos avanços de empresas chinesas no setor. Um exemplo recente é a startup DeepSeek, que lançou um modelo de IA que, segundo a companhia, apresenta desempenho comparável ao de ferramentas desenvolvidas nos Estados Unidos, como o ChatGPT, da OpenAI — porém, com menor custo de operação.
Embora ousada, a iniciativa chinesa não está isolada no cenário global. A Califórnia, nos Estados Unidos, aprovou no ano passado uma lei que exige que seu conselho educacional considere a inclusão da alfabetização em IA no currículo estadual. A Itália também iniciou um projeto-piloto com ferramentas de IA em 15 escolas, como parte de uma estratégia para aprimorar as competências digitais dos estudantes.
A movimentação internacional mostra que a disputa pelo protagonismo na inteligência artificial não se limita a laboratórios e startups, mas agora também envolve salas de aula e políticas públicas de educação. Com a nova medida, a China se antecipa e aposta na formação de base para garantir sua liderança tecnológica nas próximas décadas.