A ficção encontrou a ciência nesta segunda-feira (7), com o anúncio de um feito inédito: a “desextinção” do lobo-terrível, espécie pré-histórica que inspirou os temidos animais da família Stark, da série Game of Thrones. Considerada extinta há mais de 10 mil anos, a espécie agora caminha novamente pela Terra — graças à manipulação genética conduzida pela empresa norte-americana Colossal Biosciences.

Manipulação genética e nascimento dos filhotes

Segundo a empresa, o renascimento da espécie se deu por meio de extração de DNA de dois fósseis de lobo-terrível e 20 edições genéticas em lobos-cinzentos, a espécie viva mais próxima.

Remus, um dos primeiros filhotes de lobo-terrível a nascer.
Romulus, macho, também nasceu em outubro do ano passado.
Khaleesi, fêmea, foi a terceira, três meses após o nascimento de Romulus e Remus.

O resultado prático foi o nascimento de três filhotes híbridos com aparência e características genéticas do lobo-terrível. Os dois primeiros, nascidos em 1º de outubro de 2024, foram batizados de Romulus e Remus, em alusão à mitologia romana. A terceira, nascida três meses depois, recebeu o nome de Khaleesi, homenagem à personagem da série da HBO.

A Colossal afirma que foram editados 14 genes fundamentais, resultando em mudanças significativas nos filhotes: pelagem branca, maior tamanho corporal, ombros e cabeça mais largos, mandíbula robusta, dentes reforçados e uivos característicos da espécie extinta. Com apenas seis meses, Romulus e Remus já medem cerca de 1,2 metro de comprimento e pesam 36 kg. A expectativa é que cheguem aos 59 a 68 quilos, superando o peso médio dos lobos-cinzentos comuns.

Onde vivem os novos lobos-terríveis

Os animais estão sendo mantidos em uma reserva de mais de 800 hectares, cuja localização não foi revelada por questões de segurança. A Colossal Biosciences destaca que pretende reintroduzir a espécie em áreas protegidas, especialmente em terras indígenas da América do Norte, onde acredita-se que o lobo-terrível desempenhava papel importante no equilíbrio ecológico.

“Nossa equipe tem orgulho de devolver o lobo-terrível ao seu devido lugar no ecossistema”, declarou a empresa em nota. “As inovações da Colossal em ciência, tecnologia e conservação tornaram possível realizar algo que nunca foi feito antes: o renascimento de uma espécie de sua população de longa data de zero.”

Próximos passos: de lobos a mamutes

A iniciativa com o lobo-terrível faz parte de um plano mais ambicioso da Colossal Biosciences: a revivificação de espécies extintas como o mamute-lanoso, o tigre-da-Tasmânia e o dodô. Segundo a empresa, o sucesso com os lobos comprova a viabilidade de sua tecnologia e abre caminho para projetos ainda mais ousados.

Além da desextinção, a Colossal também vem trabalhando em frentes de conservação. Em paralelo ao renascimento dos lobos-terríveis, a empresa anunciou a clonagem de ninhadas de lobos-vermelhos, espécie atualmente classificada como criticamente ameaçada e nativa do sudeste dos Estados Unidos.