
Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) sempre foram instrumentos das minorias dentro dos parlamentos. Elas servem para garantir às correntes políticas numericamente menores nas casas legislativas o direito de atuarem como fiscais sem serem impedidas pela força que, geralmente, caracteriza os grupos aliados do poder de momento.
Em Quixadá, porém, algo diferente está se desenhando, e uma CPI pode nascer como instrumento da bancada maioritária para fiscalizar o governo anterior, que já acabou há cinco meses. Vale ressaltar, a bem da verdade, que não há impedimento legal para que gestões anteriores sejam investigadas.
A proposta de investigação contra a administração do ex-prefeito Ilário Marques, ao que tudo indica, vem como retaliação a uma ação judicial do PT, DEM e PDT que denuncia fraude no sistema de cotas de gênero na eleição de 2020, ilegalidade que, segundo a peça de denúncia, teria sido cometida pelos partidos PSB, PTB e Patriota, e que está na mesa do Juiz Eleitoral aguardando decisão. Caso a ação seja julgada procedente, todos os votos obtidos pelos três partidos denunciados seriam anulados, os eleitos perderiam seus mandatos e os condenados, provavelmente, ficariam inelegíveis por até oito anos.
A CPI
Ao que parece, a investigação da CPI giraria em torno dos gastos de recursos federais durante a pandemia de coronavírus em 2020. Nos bastidores, alguns aliados da gestão Ilário Marques entendem que a abertura de uma CPI acabaria sendo favorável ao ex-prefeito, colocando na vitrine suas ações no combate à Covid-19 e servindo como plataforma de esclarecimento para corrigir desinformações, como as fake news sobre supostos valores vultuosos que teriam sido destinados, não a título de compensação pela queda na arrecadação e nas receitas oriundas de transferências governamentais, mas como dinheiro extra para bancar gastos na pandemia. Já os atuais governistas esperam revelar, por meio da CPI, desvios e uso inadequado de recursos públicos.
