Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) avaliam que a recente mudança do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para os Estados Unidos pode estar relacionada a um plano maior envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro. A suspeita, segundo informações divulgadas pelo blog da jornalista Andréia Sadi, do g1, é de que a ida do parlamentar ao exterior possa ser parte de uma estratégia para facilitar uma eventual fuga do pai, diante do avanço das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

De acordo com um ministro do STF ouvido pela reportagem sob reserva, a movimentação pode ser um “cálculo político”.

“Possuem palco fora, nos EUA, e podem preparar a fuga do pai, que vão chamar de exílio”, afirmou.

Apoio popular enfraquecido

A mudança repentina de Eduardo Bolsonaro ocorre em um momento delicado para o ex-presidente. Após a baixa adesão à manifestação realizada na Praia de Copacabana no último dia 25 de fevereiro, que pedia anistia para os envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro, a família Bolsonaro teria percebido um enfraquecimento do apoio popular.

Além disso, investigações da Polícia Federal indicam que Bolsonaro já havia cogitado permanecer nos EUA em 2022, enquanto esperava o desenrolar das tentativas de reverter o resultado das eleições. A quebra de sigilo bancário revelou que, pouco antes de deixar o Brasil, ele transferiu cerca de R$ 800 mil para contas nos Estados Unidos.

Eduardo Bolsonaro agiu sem consulta prévia

Apesar das suspeitas, aliados do ex-presidente afirmam que a decisão de Eduardo Bolsonaro de se mudar para os EUA não foi previamente articulada com o entorno de Jair Bolsonaro. A mudança teria sido impulsiva, pegando até mesmo o ex-mandatário de surpresa.

“Ele não tinha nem roupa para esse período de mudança”, relatou um aliado, revelando que a decisão foi tomada de última hora.

Tentativa de reforçar pressão política nos EUA

Interlocutores bolsonaristas interpretam a mudança de Eduardo Bolsonaro como uma estratégia para aumentar a pressão sobre o ministro Alexandre de Moraes, do STF, que tem sido alvo de críticas e tentativas de retaliação por parte de parlamentares dos Estados Unidos.

Além disso, há receio de que Eduardo Bolsonaro pudesse ser alvo de medidas restritivas no Brasil, como o confisco de passaporte, algo já cogitado no caso do ex-presidente. A aposta do círculo bolsonarista é que um eventual retorno de Donald Trump à presidência dos EUA possa mudar o cenário político e oferecer suporte à família Bolsonaro.

“Bolsonaro não tem saída jurídica. Só tem saída se Trump se comover e decidir embarcar em alguma defesa política dele”, afirmou um dos aliados próximos do ex-presidente.

Apesar das especulações, Jair Bolsonaro negou publicamente qualquer intenção de deixar o país.