Duas pessoas — um homem e uma mulher — morreram no Vale do Jaguaribe, interior do Ceará, após serem infectadas por um fungo raro conhecido como mucormicose. A doença, popularmente chamada de “fungo negro”, é provocada por micro-organismos da ordem Mucorales, que podem contaminar seres humanos por meio da inalação, inoculação direta (como em feridas) ou ingestão de esporos presentes no ambiente.

O caso ocorreu em 2023, mas só agora foi completamente elucidado. A identificação do agente causador foi feita após análises conduzidas pelo Laboratório de Micologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Segundo especialistas, esse tipo de óbito é considerado raro no Brasil, o que acendeu o alerta em autoridades de saúde pública.

A confirmação foi apresentada durante o 8º Seminário Estadual de Vigilância em Saúde, promovido pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) na Escola de Saúde Pública do Estado (ESP), em Fortaleza, na última semana. O evento reuniu profissionais de diversas regiões para discutir atualizações e desafios na vigilância de doenças emergentes e reemergentes.

De acordo com o Ministério da Saúde, a mucormicose é uma condição grave que afeta principalmente pessoas com o sistema imunológico enfraquecido, como pacientes com diabetes descompensada, uso prolongado de corticoides, neutropenia ou que passaram por transplantes. A doença pode evoluir rapidamente, atingindo os seios da face, cérebro e pulmões, com alta taxa de letalidade quando não tratada precocemente.

As mortes no Ceará reforçam a importância da vigilância microbiológica em casos suspeitos, especialmente em pacientes com histórico de internação recente e doenças crônicas. As autoridades sanitárias alertam para a necessidade de investigação rigorosa em episódios de infecções atípicas.